Membros do Partido Comunista dos EUA e da Liga dos Jovens Comunistas participam na marcha climática da ONU em Nova Iorque. | via CPUSA
NOVA IORQUE — Mesmo depois de 75.000 pessoas, incluindo um contingente do Partido Comunista dos EUA, terem marchado por Manhattan para exigir uma ação global para lidar com o aquecimento global, os líderes globais que discursaram posteriormente nas Nações Unidas minimizaram a ameaça — exceto o presidente brasileiro, Luiz Inácio “Lula”. ”da Silva.
Subindo à tribuna no dia 18 de Setembro, um dia após a marcha, Lula, também líder de longa data do Partido dos Trabalhadores do Brasil, não só enfrentou a catástrofe climática que avançava rapidamente sobre o mundo, mas também a desigualdade de rendimentos.
Os restantes líderes, incluindo o presidente democrata dos EUA, Joe Biden, concentraram-se em convencer os países a juntarem-se à oposição à guerra da Rússia na Ucrânia, uma guerra onde Lula permaneceu claramente neutro, apesar da insistência e estímulo dos EUA.
O co-presidente do CPUSA, Joe Sims, relatou que aproximadamente 60 membros do partido, inclusive da Liga Comunista Jovem, participaram da marcha.
“Marchamos em punhos, 75.000 pessoas pela justiça climática na Marcha para Acabar com os Combustíveis Fósseis!” Sims disse após o evento. A marcha começou na 52nd Street com a 7th Avenue e seguiu até perto da ONU, no East Side de Manhattan.
Sims relatou que activistas trabalhistas, grupos de igualdade racial e justiça de imigrantes, organizações de mulheres e outros se alinharam ao longo da Broadway e, enquanto marchavam, instaram os líderes das Nações Unidas a agirem agora contra o aquecimento global.
“Ativistas de muitas organizações de paz diferentes, incluindo o CPUSA, estavam lá para apontar o elefante na sala: que os militares dos EUA são o maior emissor institucional de combustíveis fósseis do mundo”, dizia o relatório do partido sobre a marcha.
Os activistas “pediram grandes cortes no orçamento militar dos EUA e a transferência desses recursos para servir as necessidades humanas, incluindo empregos verdes e a construção de uma infra-estrutura de energia renovável”.
A marcha abriu uma Cimeira da ONU sobre Ambição Climática, com a duração de uma semana, convocada pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, o único líder, além de Lula, que parecia estar a ouvir.
Biden acenou com a cabeça ao aquecimento global em seu discurso. “Este ano, o mundo está no caminho certo para cumprir o compromisso de financiamento climático feito no âmbito do Acordo de Paris: 100 mil milhões de dólares para angariar colectivamente”, disse ele, de acordo com um comunicado de imprensa da ONU. “Mas precisamos de mais investimento no sector público e privado, especialmente em locais que contribuíram tão pouco para as emissões globais.” Ele passou o resto do tempo instando o mundo a se unir contra a Rússia em defesa da Ucrânia.
Lula foi mais direto e falou mais sobre o aquecimento global, informou a ONU. Ele também abordou o enorme abismo entre os ricos e o resto de nós.
O mundo tem “crises cruzadas” do coronavírus, “segurança, racismo, intolerância e acesso estável a alimentos e água potável”, disse o líder brasileiro. “É preciso fazer mais para garantir que as desigualdades não continuem a crescer.
“Os dez bilionários mais ricos têm mais riqueza do que os 40% mais pobres da humanidade”, declarou. Mas a desigualdade é mais do que apenas esse número, alertou.
“O destino de cada criança nascida neste planeta parece ser decidido enquanto ainda estão no ventre da mãe. A parte do mundo onde vivem os pais e a classe social a que pertence a família determinarão se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida”, acrescentou.
“O acesso desigual a alimentos e água seguros e protegidos, cuidados de saúde, educação e oportunidades de emprego agravam as desigualdades e amplificam-se pelas crescentes tensões geopolíticas”, incluindo a questão do aquecimento global, disse Lula. Ele exigiu “cooperação internacional urgente e abrangente para evitar o agravamento da crise climática.
“Bate à nossa porta, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe sofrimento e perdas aos nossos irmãos. São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pelas alterações climáticas.”
Lula citou a redução de 48% no desmatamento da bacia hidrográfica do Rio Amazonas, o maior removedor de emissões de carbono do mundo, e o fato de que 87% da energia elétrica do Brasil “provém de fontes renováveis”. O Brasil também já sediou uma cúpula de oito países sul-americanos para discutir a proteção das florestas tropicais e a crise climática.
O que não foi dito, pelo menos no comunicado da ONU, foi o antecessor de Lula, o ex-militar de direita Jair Bolsonaro, que muitas vezes se autodenominava “o Donald Trump do Sul global”, encorajou o desmatamento maciço da Amazônia.
“No Brasil já provamos uma vez e provaremos novamente que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível. Estamos na vanguarda da transição energética e nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo”, disse Lula.
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Fonte: www.peoplesworld.org