Putin faltou à cimeira do G20 na Índia, evitando qualquer risco de detenção criminal ao abrigo de um mandado do TPI por alegados crimes de guerra.
O líder do Brasil retirou a sua garantia pessoal de que o presidente russo, Vladimir Putin, não seria preso se participasse na cimeira do Grupo dos 20 no próximo ano, no Rio de Janeiro, dizendo que caberia ao Judiciário decidir.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também questionou a participação do Brasil no tribunal de crimes de guerra das Nações Unidas, dizendo na segunda-feira que “os países emergentes frequentemente assinam coisas que são prejudiciais para eles”.
“Quero saber por que somos membros, mas não os Estados Unidos, nem a Rússia, nem a Índia, nem a China”, disse Lula. “Não estou dizendo que vou deixar a quadra. Só quero saber por que o Brasil é signatário.”
Putin faltou à reunião do G20 deste ano na capital indiana, Nova Deli, evitando possível opróbrio político e qualquer risco de detenção criminal ao abrigo de um mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Em Março, o TPI anunciou um mandado de detenção para Putin devido à acusação de crime de guerra de deportação ilegal de crianças ucranianas. O Kremlin nega as acusações, insistindo que o mandado contra Putin é “nulo”.
A Rússia emitiu um mandado de prisão para Karim Khan, o promotor do tribunal de crimes de guerra com sede em Haia, em maio, e ele foi adicionado à “lista de procurados” do Ministério de Assuntos Internos.
‘O Judiciário decide’
O Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que levou à fundação do TPI. Lula levantou as sobrancelhas no fim de semana quando disse à rede de notícias indiana Firstpost: “Se eu for o presidente do Brasil e se ele [Putin] vier ao Brasil, não tem como ele ser preso.”
Ele mudou de rumo na segunda-feira, em entrevista coletiva no Brasil, dizendo aos repórteres: “Não sei se a justiça brasileira irá detê-lo. Quem decide é o Judiciário, não é o governo.”
Putin faltou às recentes reuniões internacionais e enviou o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, a Nova Deli para a reunião do G20 de 9 a 10 de Setembro, apesar de a Índia não ser signatária do TPI.
No sábado, os países do G20 adotaram uma declaração que evitava condenar Moscovo pela guerra na Ucrânia, mas apelava a todos os Estados para que se abstivessem de usar a força para tomar território.
A próxima cúpula está marcada para novembro de 2024, no Rio de Janeiro, e Lula disse esperar que “até lá a guerra termine”.
Fonte: www.aljazeera.com