Os áudios que começaram a circular no fim de semana se passando por diferentes movimentos sociais e pedindo saques são uma campanha de difamação contra o trabalho territorial, uma dezena de movimentos sociais denunciaram hoje em comunicado.

Compartilhamos a declaração:

Diante da fome e da pobreza, a saída é coletiva!

Em meio à crise econômica que continua se agravando, o fim de semana foi marcado por episódios de saques em diferentes pontos do país. Como em outras épocas, iniciou-se uma atuação dos setores de poder para responsabilizar as organizações sociais pela promoção dessas ações. Da Coordinadora por el Cambio Social queremos negar categoricamente essas acusações porque nossos movimentos sociais não promovem saques, mas, pelo contrário, nossa perspectiva se concentra em promover valores de solidariedade, apoio mútuo e compromisso com a luta por nossos direitos e para a mudança social, que garanta uma vida digna para a grande maioria.

A extrema pobreza e a fome geram atos de desespero entre os setores mais humildes, mas os verdadeiros saqueadores estão nos escritórios dos governos que nos entregam ao escritório central do saque, que é o FMI. Saqueadores também abundam em empresas formadoras de preços, além de multinacionais que operam o tempo todo para desestabilizar a economia e nos empobrecer ainda mais. Temos claro que muitas vezes essas situações são promovidas por setores de poder com o objetivo de gerar desestabilização e caos para instalar políticas de maior punho de ferro e ajuste.

Assim, os áudios que começaram a circular no fim de semana se passando por diferentes movimentos sociais e pedindo saques são uma campanha de difamação contra o trabalho territorial que é realizado todos os dias em diferentes espaços, gerando um fortalecimento do discurso de ódio contra os setores empobrecidos mais afetados pela inflação. Dito e feito, os saques em Neuquén, Mendoza, Córdoba e Buenos Aires estão sendo usados ​​por setores do Libertad Avanza que trabalham para gerar um grau de desestabilização tal que lhes permita implementar suas políticas de choque.

Se nos lembrarmos, nos dias anteriores a 19 e 20 de dezembro de 2001, os movimentos piqueteros denunciaram, e constatou-se, que os responsáveis ​​por esta situação eram lideranças financiadas pelo Duhaldismo e Menemismo que ofereciam dinheiro nos bairros da subúrbios para desencadear violência e saques, especialmente em pequenos negócios de bairro para aprofundar o medo e dar rédea solta a gangues criminosas.

Pelo contrário, as organizações apelaram às famílias famintas para se organizarem, evitando intervenções espontâneas que não contribuem necessariamente para o progresso progressista e que acabam por ser uma guerra dos pobres contra os pobres, ou dos trabalhadores contra os trabalhadores que não faz mais do que deteriorar o laço social e a unidade.

Durante o governo de Eduardo Duhalde, o debate voltou a ocupar a pauta da mídia. Nesse contexto, o governo veiculou versões na mídia apontando as organizações sociais como instigadoras de “ataques” aos supermercados. Naquela época, o MTD de “La Verón” emitiu um comunicado ratificando sua posição sobre os rumores espalhados pela Casa Rosada:

“Os trabalhadores desempregados protestam de forma organizada e não saqueiam. Nosso protesto e mobilização é uma opção política que escolhemos conscientemente diante da injustiça social, não é crime nem pretendemos realizá-lo para dar mais argumentos àqueles que buscam militarizar a sociedade e criminalizar o protesto social (. ..) Nossa auto-organização tem um alto valor para a vida e vai na contramão de usar o povo para fins políticos alheios aos seus interesses. Por tudo isso repudiamos a onda de boatos feitos pelo governo sobre saques generalizados, que se limitam a sustentar uma justificativa para um cenário repressivo.”

Hoje a história se repete e nossa posição é a mesma de então. O nosso trabalho continua a ser construir nos bairros, desenvolver equipas por todo o país, construir pólos têxteis e gastronómicos, bancas produtivas, hortas populares, oficinas de ferreiro, construção, pomares e recuperação de zonas húmidas, promoção do género, refeitórios e parques de merendas, festas populares escolas e colégios que ainda cobram do Estado o reconhecimento que merecem para terem todos os direitos trabalhistas.

Apelamos a resistir a este novo ataque criminalizador contra aqueles de nós que têm enfrentado o ajustamento e a precariedade da vida; e convocamos a solidariedade para cercar os comércios do bairro e centenas de famílias expostas à violência policial por serem flagradas no meio dessas disputas.

COORDENADOR DE MUDANÇA SOCIAL:

FOL (FRENTE DAS ORGANIZAÇÕES EM LUTA) – MOVIMENTO POPULAR (DARÍO SANTILLÁN FRENTE POPULAR CORRENTE PLURINACIONAL; MULCS MOVIMENTO PELA UNIDADE LATINO-AMERICANA E MUDANÇA SOCIAL; MOVIMENTO 8 DE ABRIL) – FAR E COPA NA MARABUNTA – FOB AUTÔNOMA (FEDERAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DE BASE, AUTÔNOMAS ) – OLP RESISTEM E LUTA – MOVIMENTO JUANA AZURDUY – UP QUEM LUTA

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2023/08/22/audios-falsos-las-organizaciones-sociales-no-estamos-llamando-a-saqueos/

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