É o que afirma o sanitarista e ex-membro do Conselho Administrativo de Garrahan, Oscar Trotta, ao conhecer os primeiros dados oficiais. A Prefeitura fala em “queda histórica” da mortalidade infantil, mas há grandes distâncias de um lado a outro da Avenida Rivadavia.
Por Gustavo Sarmiento @GustSarmi
A cidade de Buenos Aires está dividida em duas. É algo que vem acontecendo há muito tempo, mas se aprofundou na última década. Na zona norte da Avenida Rivadavia, existe uma realidade mais próspera, com melhores indicadores sociais e de renda. Na zona sul, a situação é marcada por maiores vulnerabilidades sociais e falta de proteção do Estado. A mortalidade infantil é um exemplo.
“Os dados fornecidos pela Prefeitura mostram uma profunda desigualdade na cidade de Buenos Aires entre a zona sul, onde vivem os mais pobres, e a zona norte”, disse ao Tiempo o pediatra e sanitarista Oscar Trotta, a respeito das primeiras informações sobre a Mortalidade Infantil Taxa (IMR) que o Executivo de Buenos Aires divulgou em meios de comunicação amigáveis como o Infobae.
Lá eles falam sobre um “declínio histórico”, sem precedentes para o distrito. No entanto, eles omitem um fator: caiu muito nos bairros da zona norte, mas não na zona sul. Trotta aponta que, ao observar como varia a taxa de mortalidade infantil dentro do distrito, sempre de acordo com o endereço materno, os valores mais altos (entre 6,6 e 7,5 óbitos por 1.000 nascidos vivos) são registrados nas comunas 3 (Balvanera e San Cristóbal), 7 (Parque Flores e Chacabuco), 8 (Villa Soldati, Villa Riachuelo e Villa Lugano) e 9 (Parque Liniers, Mataderos e Avellaneda).
As comunas com as taxas mais baixas (entre 0,8 e 1,9 mortes por 1.000 habitantes) são 11 (Villa General Mitre, Villa Devoto, Villa del Parque e Villa Santa Rita), 13 (Núñez, Belgrano e Colegiales), 14 (Palermo) e 15 (Agronomia, Chacarita, La Paternal, Parque Chas, Villa Crespo e Villa Ortúzar). Quase dez vezes mais mortalidade infantil no sul em comparação com o norte de Buenos Aires.
Foi assim que o especialista fez o gráfico: no sul há 10 vezes mais chances de uma criança morrer no primeiro ano de vida do que outra nascida na Comuna 11, ao norte da Avenida Rivadavia.
Fatores para a diferença na taxa de mortalidade infantil
A transmissão vertical está fortemente relacionada à prematuridade, e a prematuridade, por sua vez, depende dos cuidados com a gestante, das condições socioeconômicas das famílias e do nível de escolaridade das mães, sua alimentação e cuidados durante a gravidez.
Mais que tudo a alimentação da mãe e os cuidados durante a gestação.
“Na zona sul, onde a população carece de recursos econômicos para ter uma boa qualidade de vida e onde a Prefeitura deveria focar suas iniciativas, a ausência dessas ações produz uma grande iniquidade que se expressa neste e em outros indicadores de saúde. de tuberculose na zona sul triplica a taxa nos municípios da zona norte”, destaca Trotta, integrante do Fórum de Saúde Popular liderado pelo Dr. Arnaldo Medina, reitor da Universidade Nacional Arturo Jauretche.
“Em 15 anos de governo pró-cidade, e principalmente nos dois últimos governos de Rodríguez Larreta, essa desigualdade se aprofundou”, diz o pediatra e professor universitário. E conclui: “Estamos a falar de uma cidade com um PIB próximo do das cidades europeias”.
Fonte: https://www.tiempoar.com.ar/informacion-general/caba-denuncian-que-la-mortalidad-infantil-es-casi-10-veces-mayor-en-el-sur-que-en- el-norte-de-la-ciudad/
Source: https://argentina.indymedia.org/2023/02/02/caba-denuncian-que-la-mortalidad-infantil-es-casi-10-veces-mayor-en-el-sur-que-en-el-norte-de-la-ciudad/