Alberto Olivares, advogado e membro da La Casa de la Memoria de Rosario, visitou o programa Hora Libre da Rádio La Retaguardia. Lá, fez uma profunda análise estrutural de Rosário, da violência e do tráfico de drogas. Ele também destacou o fracasso das políticas públicas na tentativa de resolver este grave problema.
Entrevista: Natacha Bianchi / Matías Bregante / Rodrigo Ferreiro. Redacción: Nicolás Rosales. Edición: Pedro Ramírez Otero. Foto: Natalia Bernades / Arquivo La Retaguardia.
Rosário vive uma violência que aumentou recentemente com assassinatos de civis. A cidade tem o maior índice de homicídios do país.
Existe um negócio de “tráfico de drogas” gerado principalmente pelo porto agroexportador, localizado no canal de transporte Hidrovía Paraguai-Paraná. Isto também é usado para contrabandear drogas, especialmente cocaína destinada à Europa e à Oceânia.
Por outro lado, existem mais de 30 gangues que atuam e extorquem na região. Embora os traficantes tenham sido presos, eles continuaram a dar ordens na prisão graças à proteção das forças policiais e de parte do sistema de justiça corrupto.
“Há três aspectos que me parecem fundamentais, um deles não é ter uma abordagem conjuntural imediata em relação ao que explodiu nos últimos dias, mas sim devemos tentar ter uma visão muito mais abrangente, abrangente e mais analítica em relação a o que aconteceu com Rosário, por exemplo, nos últimos 40 anos”, disse Alberto Olivares, advogado, ativista de direitos humanos e membro da La Casa de la Memoria de Rosario.
“O segundo ponto que me parece importante analisar é o fracasso das políticas de segurança pública a partir de 1983, após a saída da ditadura. O fracasso vem da pregação punitiva e repressiva do governo, com a morte de quatro trabalhadores”, continuou.
A transformação estrutural de Rosário
A ativista de direitos humanos historicizou a cidade de Rosário: “Nas décadas de 60 e 70, esta área foi falada com uma grande manifestação de industrialização com presença do sujeito operário em grande dimensão. Por outro lado, nos anos 74 e 75 houve a operação Serpente Vermelha que antecipou o que seria o surgimento do Triple A e o que seria mais tarde o terrorismo de Estado. A zona industrial seria posteriormente transformada em cemitério e se tornou um grande Rosário onde temos o ‘narcosojismo’ transformando a economia em uma economia primária que exporta e recebe divisas.”
Olivares explicou que 60% dos produtos exportados passam por Rosário. “E ao mesmo tempo não há camiões controlados pelo Estado. É comum que os navios transportem quantidades de drogas, que são aquelas que vão para a Europa, os Estados Unidos, o Médio Oriente e a África. O Rio Paraná também não tem nenhum tipo de controle”, afirmou o advogado.
“Rosário hoje está ‘uberizado’, ou seja, passou de produtor industrial para vendedor de serviços e sua vinculação financeira. O outro aspecto é a transformação imobiliária. Fala-se que 30 mil casas que hoje estão ociosas e desocupadas foram lavadas. Do outro lado, há bolsões de miséria planejada, desemprego, insegurança no emprego e pobreza”, disse Olivares.
Por fim, insistiu: “Quanto ao fracasso das políticas públicas, o atual governador Maximiliano Pullaro foi ministro da Segurança do governo do partido socialista e agora está fazendo o que não podia fazer naquela época, mas de forma obscena. Todo esse discurso punitivo, pesado ou de resolver as coisas com prisões, ao estilo Bukele (presidente de El Salvador). Existem duas grandes gangues históricas, a de Alvarado e a de Los Monos. Lá há uma grande disputa territorial que se faz com tiros de 9 milímetros e balas da polícia que se incorpora quase como protagonista essencial na parceria com essas quadrilhas.”
Fonte: https://laretaguardia.com.ar/2024/04/rosario-y-el-complejo-entramado-del-narcotrafico.html
Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/04/09/rosario-y-el-complejo-entramado-del-narcotrafico/