O presidente brasileiro diz que não quer ‘agradar ninguém’ com suas opiniões sobre o conflito depois de provocar críticas no Ocidente por sugerir que Kiev foi parcialmente culpado pela guerra.
O presidente brasileiro Luiz Ignacio Lula da Silva pediu um acordo “negociado” para a guerra Rússia-Ucrânia e disse que não quer “agradar ninguém” com suas opiniões sobre o conflito.
Lula, que está tentando reviver o papel do Brasil como negociador e intermediário, irritou a Ucrânia ao dizer que Kiev compartilhava a culpa pela guerra e não se juntou às nações ocidentais na imposição de sanções a Moscou ou no fornecimento de munição a Kiev.
“Embora meu governo condene a violação da integridade territorial da Ucrânia, apoiamos uma solução política negociada para o conflito”, disse Lula a jornalistas no sábado, após se encontrar com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa.
O líder brasileiro, que foi saudado pelos manifestantes à chegada a Portugal, disse que o seu objetivo é “construir uma forma de aproximar os dois [Russia and Ukraine] para a mesa”.
“Quero encontrar uma terceira alternativa [to solve the conflict]que é a construção da paz”, disse ele em entrevista coletiva.
O Presidente de Portugal disse: “O Presidente Lula acredita que o caminho para uma paz justa e duradoura passa por fazer da negociação uma prioridade.
“Portugal tem uma posição diferente. Acreditamos que, para que um caminho para a paz se torne uma possibilidade, a Ucrânia deve primeiro ter o direito de responder à invasão.”
Lula, 77, que retomou o cargo em janeiro, depois de ter servido anteriormente como presidente do Brasil de 2003 a 2010, se encontrou com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington, DC em fevereiro e no início deste mês visitou a China, o maior parceiro comercial do Brasil.
Lula foi criticado no Ocidente por sugerir que a Ucrânia e a Rússia são culpadas pelo conflito que começou quando Moscou invadiu seu vizinho em fevereiro de 2022.
Na semana passada, ele disse que os Estados Unidos e os aliados europeus deveriam parar de fornecer armas à Ucrânia, dizendo que estavam prolongando a guerra.
“Se você não está fazendo a paz, está contribuindo para a guerra”, disse Lula.
A Casa Branca acusou Lula de “papagaiar” a propaganda russa e chinesa.
Portugal é membro fundador da NATO e já enviou equipamento militar para a Ucrânia. Rebelo de Sousa disse que a Ucrânia tem o direito de se defender e “recuperar” o seu território.
Os comentários de Lula sobre a guerra irritaram a comunidade ucraniana em Portugal, onde ocorreu uma manifestação em frente à embaixada brasileira na sexta-feira.
Mais cedo no sábado, Lula participou de uma cerimônia de boas-vindas no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa. Dois simpatizantes da Ucrânia carregando uma bandeira e um cartaz não foram autorizados a ficar perto da área da cerimônia porque policiais disseram que eles não haviam solicitado autorização para protestar.
Fonte: www.aljazeera.com