O Mossad diz que trabalhou com agências de inteligência do Brasil e de outros lugares para impedir ataques planejados a locais judaicos.
A polícia brasileira disse ter prendido duas pessoas suspeitas de se prepararem para “ataques terroristas”, que Israel alegou estarem sendo planejados pelo grupo armado libanês Hezbollah.
Um comunicado na noite de quarta-feira da agência de inteligência Mossad disse que prestou assistência ao Brasil na “prisão de uma célula terrorista operada pelo Hezbollah para realizar um ataque a alvos israelenses e judeus no Brasil”.
Acrescentou que outras agências internacionais também estiveram envolvidas na operação, mas não as identificou.
A Polícia Federal do Brasil disse ter detido dois suspeitos em São Paulo numa operação para “interromper a preparação de ataques terroristas e obter provas sobre o possível recrutamento de brasileiros para a realização de atos extremistas no país”.
Eles também realizaram 11 operações de busca e apreensão em São Paulo, Brasília e no sudeste do estado de Minas Gerais, informou a polícia em comunicado. Não nomeou os suspeitos ou os supostos alvos.
A Mossad disse que os ataques planeados faziam parte de “uma extensa rede que operava em outros países”, embora não os tenha identificado.
Especialistas em segurança há muito acompanham supostas atividades do Hezbollah nas áreas fronteiriças entre Brasil, Argentina e Paraguai. O grupo apoiado pelo Irão está sediado no Líbano, onde tem assentos no parlamento e no governo.
“Dado o cenário da guerra em Gaza… o Hezbollah e o regime iraniano continuam a operar em todo o mundo para atacar alvos israelitas, judeus e ocidentais”, acrescenta o comunicado da Mossad, publicado no site do primeiro-ministro israelita. .
A guerra Israel-Gaza eclodiu em 7 de outubro, depois que o grupo armado Hamas, que é aliado do Hezbollah e controla Gaza, matou pelo menos 1.400 pessoas no sul de Israel e levou mais de 200 cativas. Israel declarou guerra ao Hamas e desde então sujeitou Gaza a bombardeamentos implacáveis, matando mais de 10 mil pessoas e ignorando os apelos a um cessar-fogo humanitário.
Cerca de 107 mil judeus vivem no Brasil, e líderes comunitários disseram à agência de notícias Reuters no mês passado que notaram um aumento na atividade antissemita online desde o início do conflito.
“Acompanhamos com apreensão e preocupação esta operação da Polícia Federal hoje. O Brasil não tem histórico de terrorismo e esperamos que o conflito no Oriente Médio não seja importado para cá”, disse Ricardo Berkiensztat, presidente executivo da Federação Judaica do Estado de São Paulo (Fisesp).
O Brasil tem a segunda maior comunidade judaica da América Latina, depois da Argentina.
Cerca de 250 mil judeus vivem na Argentina, que foi atingida por ataques à embaixada israelense em 1992 e a um centro judaico em Buenos Aires em 1994. Cerca de 114 pessoas foram mortas nesses incidentes.
Fonte: www.aljazeera.com