Uma multidão protestou em frente à antiga ESMA contra as tentativas de desmantelamento do Secretariado dos Direitos Humanos e dos Sítios de Memória implantados pelo governo de extrema direita de Javier Milei e Victoria Villarruel, em linha com a sua política negacionista e reivindicativa do Terrorismo de Estado.
Fotos: Nicolas Solo ((i))
Soube-se nos últimos dias que o Governo pretende avançar com o despedimento de 500 trabalhadores da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos.
Neste contexto, um grande grupo de organizações sindicais, organizações de direitos humanos e outros espaços populares convocou nesta sexta-feira, 27 de dezembro, um ato de acolhimento dos trabalhadores dos Direitos Humanos e em defesa das políticas de Memória, Verdade e Justiça perante a sede do antiga ESMA, na Cidade de Buenos Aires.
Nana González Rehermann, delegada do Conselho de Justiça e Direitos Humanos Espacio Memoria ex ESMA, agradeceu a todos os presentes e em particular às Mães e Avós da Praça de Maio presentes: “Vocês nos apoiam, trabalhadores da Secretaria de Direitos Humanos, eles apoiam. nós, eles continuam nos apoiando, incrivelmente eles continuam nos apoiando”, disse ele, ao que a multidão cantou “Mães da Praça, o povo te abraça”.
“Como agradecer, certo? Como podemos agradecer-lhes pelo enorme movimento pelos direitos humanos neste país? Como posso agradecer hoje pela restituição do Neto 138 aqui, aqui na Casa da Identidade?”, disse Nana.
“O que posso dizer é que somos herdeiros da luta deles, mas também da luta daqueles que estão nos lenços, porque esses nomes também nos chamam a continuar lutando, e vamos reivindicá-los hoje e sempre, embora não está na moda reivindicá-los, continuaremos a reivindicá-los hoje e sempre.”
Fotos: Comida ((i))
“Hoje somos um abraço das políticas de memória, verdade e justiça, mas a partir de hoje temos que ser um abraço e uma articulação de cada uma das lutas até que esse governo saia, até que esse governo saia do Estado”, afirmou Nana, e acrescentou: “Porque o que estão fazendo com o Estado e com as políticas públicas, os trabalhadores veem em primeira mão, mas num tempo não muito distante o desmantelamento que estão fazendo de cada um deles impactará a todos. .”
“Avisem Cúneo Libarona e Alberto Baños que vão encontrar trabalhadores aqui”, desafiou o delegado aos dirigentes negacionistas, “pois estivemos a lutar durante todo este ano, e vamos continuar a lutar para reverter cada uma das situações de despedimentos. Porque somos sindicalizados e lutamos por salários e lutamos por empregos, mas temos muita consciência da política pública que levamos a cabo, e porque devemos isso a eles que, com o seu exemplo, marcam o nosso caminho.”
“Muito obrigado por esse abraço, porque o seu abraço nos apoia na luta. Assim como apoia cada um dos meus colegas que hoje estão aqui e que são, posso garantir, um enorme exemplo de organização e consciência da classe trabalhadora, um enorme exemplo que deve reflectir-se em todas as partes do Estado, que temos que parar o que eles estão fazendo, com organização e com luta porque temos o exemplo deles, porque temos o exemplo deles e porque ninguém aqui desiste, de continuar lutando e muito obrigado por estar aqui conosco hoje, muito obrigado.”
Por sua vez, a advogada e ex-deputada nacional Myriam Bregman reafirmou que “sem trabalhadores não há memória”.
“Estamos neste abraço porque dizemos que sem trabalhadores não há memória. Que vamos lutar contra as demissões, nos Sítios, nos Espaços e na Secretaria de Direitos Humanos. Que vamos lutar contra a infame redução salarial que este Governo quer fazer. E quando vemos esse lugar cheio de tantos colegas, colegas, bandeiras, não posso esquecer das primeiras vezes que viemos aqui para inspeções visuais e os marinheiros treinados lá nos receberam”, lembrou Myriam. “Eles estavam esperando que mostrássemos que aquele lugar era deles. E mais tarde, quando fomos ao campo esportivo, para outra inspeção visual, pois acreditamos que Rodolfo Walsh e Raimundo Villaflor foram levados para aquele local. Presentes, é claro que muitos colegas detidos e desaparecidos estão presentes. Presente agora e sempre.”
“Eu disse a eles que naquele campo esportivo que viemos ver, se encontrássemos alguma coisa, continuaríamos procurando. Hoje os trabalhadores contaram-nos que há poucos dias encontraram um carro, restos de um carro. Por exemplo, na operação que realizaram em San Vicente, na casa de Rodolfo Walsh, que foi sua última residência, levaram um carro. Veja como é importante preservar esses locais. Vejam como é importante o trabalho dos colegas dos Sítios, dos Espaços, que são quem constroem a Memória, a Verdade e a Justiça todos os dias.”
“Sem eles, sem os trabalhadores, é mentira que haverá Memória, Verdade e Justiça. Precisamos deles, precisamos deles conosco e é por isso que estamos aqui.”
Por sua vez, a legisladora Victoria Montenegro apontou contra o governo de Javier Milei e do vice-presidente Villarruel, bem como do Ministro da Justiça Mariano Cúneo Libarano, “um criminoso, um criminoso o Ministro da Justiça, o Secretário de Direitos Humanos Alberto Baños, outro criminoso “Ele vem fazer o que o poder real lhe manda, que é acabar com a memória da Argentina”.
“E hoje, graças à luta incansável das organizações de direitos humanos, e graças à luta de cada um dos trabalhadores da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, temos uma nova reunião, temos um neto, o neto 138, que vem contar ele que ninguém desiste aqui, ninguém desiste aqui e essa memória brota e resiste.”
Victoria comemorou a diversidade política do apelo e a unidade “para defender uma causa que pertence ao povo argentino”.
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Mas acima de tudo, falou Taty Almeida, da Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora. “Queridos companheiros, aqui somos realmente as Mães da Praça de Maio. Como verão, restam muito poucos de nós, mas estamos tranquilos, porque sobretudo não é a primeira vez que ouvimos tantos jovens falarem em continuar a luta”.
“Já passamos o bastão para eles, aquele bastão que eles colocaram em prática. A prova somos nós que estamos aqui hoje, todos nós, todos nós reunidos, demonstrando realmente com os fatos, devemos demonstrar isso cada vez mais. Sim, Milei e Villarruel e companhia, temos que demonstrar mais que um povo unido nunca será derrotado, temos que provar isso. A unidade é a única coisa que nos ajudará. Vocês sempre nos agradecem, mães, nós agradecemos. Não só em nome das Mães, não, em nome de Alejandro (seu filho) e dos 30 mil”.
“Porque aqui sempre houve tanta morte, depois vimos que havia vida desde que Néstor Kirchner nos deu esta propriedade. E essa vida foi demonstrada e continuaremos a fazê-lo através da memória, essa memória que querem apagar. “Pegue, eles não vão conseguir de jeito nenhum, porque nós, os malucos, avisamos, porque apesar das bengalas e das cadeiras de rodas, ainda estamos de pé”.
“E avisa ele, vamos ver se vão continuar negando, Milei, Villarruel e todos aqueles que o acompanham, vamos ver se vão continuar negando que não houve genocídio aqui, por favor. Apareceu o neto número 138 E como tantos outros netos que as Avós já recuperaram. Vejamos, Villarruel, diga-me, quem estava com ele? Seus amigos, seus amigos.
“Mas os meninos recuperaram a identidade. Essa é uma das lutas que as nossas queridas irmãs, as Avós, continuam e que todos nós, claro, apoiamos. Quer dizer, vejo que diz vamos voltar. Claro que voltaremos! Não é a primeira vez que caímos e nos levantamos. Voltaremos e seremos milhões! E a luta continua, porque eles não nos derrotaram.”
“E porque sempre estiveram, estão e continuarão presentes, vamos gritar bem alto: 30 mil detidos desaparecidos! Presentes! 30.000 detidos desaparecidos! Presentes! 30.000 detidos desaparecidos! Presentes! Agora e sempre! “Eles não nos derrotaram!”
Há 20 anos entrámos na antiga ESMA com a gente do Nunca Mais.
Naquele dia, Néstor Kirchner pediu “perdão ao Estado nacional pela vergonha de ter se calado sobre tantas atrocidades durante 20 anos de democracia”.
Continuamos a ser o povo da Memória, da Verdade e da Justiça. pic.twitter.com/22hohAvlHs-HIJOS Capital (@hijos_capital) 28 de dezembro de 2024
Abraçar a Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), que funcionou como centro clandestino de detenção e desaparecimento de pessoas durante a última ditadura militar pic.twitter.com/SS8QrIdMUH
-ANRed #30Años (@Red__Accion) 27 de dezembro de 2024
ABRAÇO ENORME À EX-ESMA
Hoje éramos milhares de trabalhadores, professores, estudantes, vizinhos e activistas defendendo as políticas da Memória, da Verdade e da Justiça. Contra as demissões massivas na Secretaria de Direitos Humanos e contra o negacionismo deste governo.
Seguimos lutando! pic.twitter.com/H3Rva9xiDK-ATE Capital (@ATECapitalOk) 27 de dezembro de 2024
Sem trabalhadores não há memória. E a memória se defende com luta porque é uma escola do futuro. pic.twitter.com/BXHPvYN46y
-Myriam Bregman (@myriambregman) 27 de dezembro de 2024
Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/12/28/abrazo-a-las-y-los-trabajadores-de-la-secretaria-de-derechos-humanos-de-la-nacion/