O secretário-geral do Partido Comunista, Óscar Figuera, ao centro, prometeu que a organização continuará lutando pelo povo venezuelano e pela classe trabalhadora. | Tribuna Popular

CARACAS — O Partido Comunista da Venezuela (PCV) apontou o dedo para a liderança do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) por uma suposta tentativa de “sequestro” da organização.

“A direção do PSUV quer tirar o status legal do PCV, para neutralizar seu papel nas lutas sociais do país”, disse o secretário-geral do Partido Comunista, Óscar Figuera, em entrevista coletiva no sábado.

O partido político de esquerda mirou em um autodenominado “movimento” que se autodenomina “PCV Patriótico” e afirma que seu objetivo é “resgatar” a organização. O movimento argumenta que a atual liderança comunista está desvinculada de suas bases e deveria estar apoiando o governo de Nicolás Maduro.

O PCV afirmou que o “PCV Patriótico” é financiado pelo PSUV e não contém ativistas comunistas. Denunciou um “congresso falso” realizado no domingo em Caracas, afirmando que as figuras que lideraram a atividade não têm ligação com o partido. Eles incluído membros de outros grupos políticos venezuelanos e supostos ativistas do PSUV do estado de Monagas.

O PCV também apontou o envolvimento de Diosdado Cabello devido às reiteradas declarações do vice-presidente do PSUV contra a organização em seu programa semanal de TV. Uma mensagem de voz vazada online recentemente supostamente fez com que Jesús Faría, membro do alto escalão do PSUV, instruísse os seguidores a continuar encontrando possíveis membros para o PCV “alternativo”.

Embora não tenha havido manifestação oficial de intenção, analistas afirmam que o objetivo da iniciativa “PCV Patriótico” é entrar com um pedido de liminar perante autoridades judiciais para exigir a posse das credenciais legais e eleitorais do PCV. Nesse cenário, o Partido Comunista seria impedido de apresentar seu próprio candidato nas eleições presidenciais de 2024.

“Independentemente do que aconteça nos tribunais ou no Conselho Eleitoral, o PCV veio para ficar”, acrescentou Figuera em seu discurso. O Partido Comunista ratificou seu atual Comitê Central e programa político em seu congresso de novembro de 2022.

A situação em torno do partido político mais antigo da Venezuela gerou debates e polêmica nas redes sociais. Também atraiu declarações de solidariedade de vários partidos comunistas e operários de todo o mundo.

O destacado comentarista chavista Luigino Bracci publicou um vídeo condenando o “terrível” ataque liderado por um “setor do PSUV” contra o PCV. Ele também criticou o suposto uso de recursos públicos para as atividades do “PCV Patriótico”, algumas das quais realizadas em salas de reuniões de hotéis cinco estrelas. Esclarecendo que não pertence a nenhum grupo político, Bracci exortou os dirigentes do PSUV e do PCV a “sentar e discutir soluções” que favoreçam o povo venezuelano.

O Partido Comunista da Venezuela participou por muitos anos do Grande Pólo Patriótico liderado pelo PSUV que apresentou listas unificadas em disputas eleitorais. Apoiou Maduro em ambas as suas vitórias presidenciais, a mais recente das quais em maio de 2018, quando o PCV e o PSUV assinaram um acordo estabelecendo uma série de prioridades políticas.

Porém, nos meses seguintes, o PCV denunciou o governo por não cumprir o acordo e recusou-se a ouvir as reivindicações do partido.

Com o governo de Maduro adotando políticas liberais na tentativa de impulsionar a economia sob pesadas sanções dos EUA, os comunistas venezuelanos tornaram-se cada vez mais críticos, considerando as medidas como “antitrabalhadoras” e favorecendo o capital.

Em 2020, o PCV decidiu apresentar candidatos independentes às eleições legislativas sob a bandeira da chamada Alternativa Popular Revolucionária (APR), mas conseguiu menos de 3% dos votos e garantiu apenas um deputado na Assembleia Nacional.

A aliança liderada pelo PCV concorreria novamente nas “megaeleições” regionais e locais de 2021 apenas para alcançar resultados desanimadores semelhantes. A APR acusou as autoridades eleitorais de parcialidade e perseguição depois que vários de seus candidatos foram impedidos de concorrer.

O APR originalmente incluía outros partidos chavistas, como Homeland for All (PPT) e Tupamaro, antes que as disputas internas fossem levadas ao Supremo Tribunal venezuelano, que concedeu o controle dos partidos e credenciais eleitorais a facções que preferiam permanecer em uma aliança com o PSUV. No entanto, ao contrário da atual controvérsia do PCV, essas contestações foram apresentadas por ativistas de alto nível em seus respectivos partidos.

Venezuelanalysis.com

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CONTRIBUINTE

Ricardo Vaz


Fonte: www.peoplesworld.org

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