No ranking que mede a liberdade de imprensa no mundo, a Argentina caiu 26 posições em relação a 2023. A ONG que faz a medição considerou o fechamento da agência ratificada hoje “um ato simbólico e preocupante”, e Milei uma “predadora” do pluralidade.

A agência é cercada e sua página traz uma legenda que diz que está em “reconstrução”. Foto: Somos Telam.

Fiel ao seu estilo oportuno, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa o Governo ordenou o encerramento de treze correspondentes da Agência Télam em todo o país.

São aqueles que operavam em Resistencia (Chaco), Bahía Blanca, La Plata (Buenos Aires), Paraná (Entre Ríos), Santa Rosa (La Pampa), Posadas (Misiones), Viedma (Río Negro), Salta (Salta), Santa Fé, Rosário (Santa Fé), Córdoba (Córdoba), Corrientes (Corrientes) e Mendoza (Mendoza), e foi comunicado por meio de memorando de seu controlador, Diego Martín Chaher.

Até hoje, a Web exibe uma placa que diz “Página em reconstrução” e os seus trabalhadores estão, na sua maioria, “isentos de dívidas laborais com remuneração”. Em resposta, eles abriram o portal Nós somos Telam onde são carregadas diariamente as notícias que seriam publicadas no órgão público caso permanecesse aberto.

Nele divulgaram a classificação feita pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), onde a Argentina – após o fechamento do Télam – caiu para o 66º lugar no ranking de liberdade de imprensa, 26 posições a menos que no ano anterior.

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A RSF, organização internacional não governamental e sem fins lucrativos de origem francesa, questionou que “embora 2024 seja o maior ano eleitoral da história mundial, 2023 foi também palco de eleições cruciais, especialmente na América Latina, onde chegaram ao poder autonomamente”. -proclamados predadores da liberdade de imprensa e da pluralidade dos meios de comunicação, como Javier Milei na Argentina que, num ato simbólico e preocupante, fechou a maior agência de notícias do país”, em referência a Télam.

A ONG faz esta classificação com base num “estudo quantitativo dos abusos cometidos contra jornalistas”, por um lado, e num “estudo qualitativo”, por outro.

Como destaca o Somos Télam, “a queda acentuada da Argentina no artigo da RSF é comparável, por exemplo, ao Afeganistão dos Talibãs, que em 2024 também perdeu 26 lugares, para a posição 178, antepenúltimo no ranking que fecha a Síria (179 ) e Eritreia (180)”.

Sem falhas em sua lógica

Esta manhã, questionado pelo jornalista da FM La Patriada, Fabián Waldman, sobre o fechamento dos correspondentes e emissoras da Rádio Nacional – onde nenhuma das 49 emissoras provinciais, de Ushuaia a La Quiaca, teve diretor nomeado desde dezembro – o porta-voz presidencial O candidato Manuel Adorni afirmou: “Se a agência fecha porque os trabalhadores estão afastados, não faz sentido ter correspondentes no interior do país. É simplesmente uma questão de bom senso.”

Afirmou então que desde que inaugurou as suas conferências de imprensa periódicas “sempre respeitou a liberdade de imprensa”. No entanto, não explicou como o Governo iria garantir o direito dos cidadãos à liberdade de imprensa, expressão e informação, especialmente naqueles locais da Argentina onde não existem correspondentes além do sistema público.

Longe de concordar com Adorni, diferentes meios de comunicação internacionais ecoaram o relatório da RSF: o jornal francês Le Monde, a agência de notícias francesa AFP e o site financeiro The Wall Street Journal (Barrons).

Também o fez a agência espanhola EFE, que entrevistou Elena García, porta-voz dos Repórteres Sem Fronteiras, que destacou: “A forma agressiva como Milei se dirige a certos jornalistas demonstra a hostilidade deste presidente para com o sindicato”.

“A liberdade de imprensa não é uma das suas prioridades, pois, poucos meses depois de chegar ao poder, fechou a agência de notícias Télam, importante não só na Argentina, mas também em toda a América Latina”, acrescentou.

Na mesma linha, há poucos dias o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, Estados Unidos, que promove a liberdade de imprensa e os direitos dos jornalistas, instou Milei a “abster-se imediatamente de atacar a liberdade de imprensa e estigmatizar jornalistas.”

o contrário

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi proclamado em 3 de maio de 1993 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, seguindo recomendação da Conferência Geral da UNESCO.

A data é o aniversário da Declaração de Windhoek, documento elaborado por jornalistas africanos em 1991, sobre os princípios da liberdade de imprensa e a necessidade de uma imprensa livre para uma sociedade democrática.

Nesse dia são realizadas comemorações para destacar a sua importância, avaliar a liberdade de imprensa no mundo, defender a independência dos meios de comunicação e prestar homenagem aos jornalistas que perderam a vida no exercício da sua profissão.

É também a data em que se lembra o respeito que os governos devem ter pelo funcionamento da democracia e se denunciam as restrições que existem à liberdade de imprensa em cada país.

Este ano, o tema da Conferência do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é “Jornalismo diante da crise ambiental” e acontece de 2 a 4 de maio em Santiago, Chile.

Segundo as Nações Unidas, neste momento “garantir a visibilidade” dos problemas ambientais “é crucial para promover a paz e os valores democráticos em todo o mundo”.

“No contexto da tripla crise planetária global – alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição atmosférica – a desinformação e as campanhas de desinformação colocam em causa o conhecimento e os métodos de investigação científica. Os ataques à validade da ciência representam uma séria ameaça ao debate público plural e bem informado (…). Para alcançar o desenvolvimento sustentável, os jornalistas devem transmitir informações precisas, oportunas e abrangentes sobre os problemas ambientais e as suas consequências, bem como possíveis soluções.

Durante as suas campanhas para o Congresso, primeiro, e depois para Presidente, Milei assegurou que “as alterações climáticas são uma mentira” e voltou a negar a sua existência no Fórum Mundial de Davos onde afirmou: “Eles sustentam que os seres humanos danificam o planeta e que “É devem ser protegidos a todo custo, chegando até a defender mecanismos de controle populacional ou a tragédia do aborto”.


Fonte: https://canalabierto.com.ar/2024/05/03/cierran-corresponsalias-de-telam-en-el-dia-mundial-de-la-libertad-de-prensa/

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/05/03/cierran-corresponsalias-de-telam-en-el-dia-mundial-de-la-libertad-de-prensa/

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