O União Solidária das Comunidades do Povo Diaguita Cacano repudia o Decreto de Necessidade e Urgência deste governo libertário neofascista que revoga a vigência da Lei 26.160 e suas prorrogações, com o único propósito de permitir a livre exploração da Mãe Terra e despojar as comunidades indígenas de seus legítimos direitos, reconhecidos em Tratados Internacionais e legislação nacional.

Nos fundamentos do DNU este governo afirma que “…a situação…agravou-se devido ao aumento de inscrições de comunidades indígenas nos respectivos cadastros…”, “…aumentando sensivelmente as inscrições das ‘supostas’ comunidades,…”, “…Foi assim que chegamos a ter MIL SEIS CENTO E VINTE E SEIS (1626) comunidades reconhecidas até hoje.”.

Na mentalidade supremacista fascista deste governo, um país com o escandaloso número de 1.626 comunidades indígenas é inaceitável. Ressaltamos que de acordo com o Censo Nacional Populacional e Habitacional de 2022, na Argentina existe uma população indígena de 1.306.730 pessoas (‘suposta’ para Milei); Se levarmos em conta que em média uma comunidade indígena não ultrapassa o número de 100 famílias, ainda existiriam outras 1.626 comunidades que por diversos motivos o Estado ainda não lhes deu a possibilidade de serem cadastradas. Ou seja, as comunidades às quais ainda não foi garantido o direito constitucional de “reconhecer personalidade jurídica” conforme determinado pelo Art. 75, Inc. 17 da Constituição Nacional.

O governo também mantém as bases do DNU que “… levou a que os direitos dos cidadãos legítimos no que diz respeito à propriedade da terra e à livre circulação fossem ameaçados ou restringidos, o desenvolvimento de investimentos foi bloqueado…”; falsificando a realidade onde aqueles que viram e continuam a ver os seus direitos legítimos ameaçados ou restringidos pelos investidores e pela arbitrariedade judicial foram e são historicamente as comunidades indígenas a quem o Estado nunca deu a possibilidade de reconhecer a propriedade dos territórios que, em termos tradicionais e públicos, forma que ocupam, de forma ancestral. Um exemplo claro disso é a recusa do Congresso, a falta de vontade política dos governos, em sancionar a lei da propriedade comunitária, ordenada pela Constituição Nacional e pelo Código Civil. Além disso, estes fundamentos do DNU são contrários aos Tratados Internacionais assinados pelo país onde o Estado se compromete a reconhecer “…aos povos interessados ​​os direitos de propriedade e posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam…” (art. 14 Convenio 169 OIT).

O DNU sustenta que a vigência da Lei 26.160 causou “…danos ambientais graves…”responsabilizando implicitamente as comunidades indígenas por tal situação. Afirma que sua suspensão garante “…o rápido fluxo de investimentos…”. Pelo contrário, a realidade é que os espaços cada vez mais reduzidos onde o ambiente foi preservado são precisamente aqueles onde os investidores de Milei não conseguiram chegar com a sua mentalidade extrativista e ecocida. São espaços ambientais protegidos onde as comunidades indígenas vivem numa relação de harmonia transmitida de geração em geração há milênios.

Como o DNU afirma claramente, “…o Governo Nacional estabeleceu como um dos seus principais pilares o respeito irrestrito à propriedade privada…sobre a qual se funda a REPÚBLICA ARGENTINA…”. É importante lembrar que um dos pilares sobre os quais se fundou a República Argentina foi o saque e a expulsão dos povos originários de seus territórios, pelo que não hesitaram em recorrer ao genocídio, à escravidão, à exploração e às piores formas de violência física. , subjugação mental e espiritual dos povos indígenas.

Por tudo isso, DENUNCIAMOS a manifesta inconstitucionalidade deste governo, o expresso descumprimento de leis e tratados internacionais que garantem os direitos dos povos indígenas; sustentada por uma ideologia responsável pelos maiores ecocídios, etnicídios e genocídios da história.

CONVOCAMOS as demais Organizações Indígenas irmãs para um novo PARLAMENTO INDÍGENA diante da subjugação de direitos; Instamos os congressistas a rejeitar este DNU e convidamos todos os setores populares que lutam por uma sociedade justa e digna a juntarem-se à defesa da nossa Mãe Terra.

ATUCHAJPA SUJLLAYAJ

UNIÃO SOLIDÁRIA DAS COMUNIDADES

USC

VILA DIAGUITA CACANO

(Santiago del Estero – Argentina)

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/12/15/declaracion-de-la-union-solidaria-de-comunidades-del-pueblo-diaguita-cacano-frente-a-la-derogacion-de-la-ley-26160-y-convocatoria-a-parlamento-indigena/

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