Andrés Nápoli, da FARN, traça os principais perigos de um mamute jurídico que, se aprovado, ameaça o meio ambiente e os próprios fundamentos do federalismo. Quanto ao Regime de Incentivos aos Grandes Investimentos (RIGI), sustenta que é absolutamente inconstitucional.

Editorial de Canal Aberto | A chamada Lei de Bases, que conta com meia sanção da Câmara dos Deputados, derruba grande parte da legislação existente referente à proteção ambiental. Um grande grupo de organizações ambientais, de direitos humanos e sociais alerta para a sua possível consolidação como norma no Senado. “Viola a proteção ambiental e contradiz os atuais princípios jurídicos nacionais e internacionais”, sustentam numa carta enviada ao órgão legislativo, “mina os fundamentos necessários para avançar em direção a um horizonte de justiça ambiental e social”.

“O RIGI é um regime de ocupação. Viola o artigo 1º da Constituição, que diz que a Argentina estabelece um regime republicano, representativo e de governo federal. Isso afetaria o federalismo porque as províncias não poderiam propor suas próprias regulamentações”, afirma Andrés Nápoli, advogado e diretor da Fundação Meio Ambiente e Recursos Naturais (FARN).

Um estado dentro de um estado

“O RIGI estabelece uma plataforma diferente para quem promove investimentos acima de 200 milhões de dólares até 1.000 milhões claramente destinados ao sector mineiro, ao sector petrolífero e ao sector agrícola, eventualmente ao sector portuário. Esses grandes investidores não precisarão cumprir uma série de exigências. A primeira delas, a mais grave de todas eu diria, é que nem a legislação nacional, nem a legislação provincial, nem a legislação municipal que possam afectar o desenvolvimento destes investimentos poderão ser contrariadas. Lá eles vêm de mãos dadas, regimes de proteção ambiental”, explica Nápoli.

“Está a criar legislação e um regime especial, é como se fosse um regime de ocupação. O que acontece é que viola o artigo 1º da Constituição. Lembremos que o artigo 1º da Constituição diz que na Argentina se estabelece um regime republicano, representativo e de governo federal; “Isso afetaria o federalismo porque as províncias não seriam capazes de propor os seus próprios regulamentos.”

“Além disso, há um elemento que é muito mais oneroso: é que qualquer lei que se oponha é absolutamente nula. É algo que nunca se viu porque as leis sancionadas pelo Congresso Nacional, pelo regime federal, devem ser cumpridas pelas províncias, se a província não aderir, não as aceita. Neste caso, a Constituição é ignorada, razão pela qual muitos constitucionalistas propõem que esta lei seja uma reforma constitucional escondida dentro de uma lei”, conclui.


Fonte: https://canalabierto.com.ar/2024/05/12/ley-bases-el-rigi-es-un-regimen-de-ocupacion-atenta-contra-la-proteccion-ambiental/

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/05/14/ley-bases-el-rigi-es-un-regimen-de-ocupacion-atenta-contra-la-proteccion-ambiental/

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