Rio de Janeiro, Brazil – Penas amarelas e verdes irradiando de seu cocar, Davi Kopenawa entrou no percurso do desfile com uma missão em mente.

Ao seu redor, a cidade do Rio de Janeiro pulsava com música e diversão: era 12 de fevereiro e a maior festa de Carnaval do mundo estava em andamento. Mas Kopenawa não estava na cidade para festejar.

Em vez disso, ele viajou mais de 3.500 quilómetros (2.000 milhas) desde a sua aldeia na floresta amazónica brasileira para espalhar uma mensagem terrível: o seu povo, os Yanomami, estava em apuros.

Durante décadas, os indígenas Yanomami sofreram nas mãos de garimpeiros ilegais, que destruíram vastas extensões de sua terra natal e poluíram seus rios com mercúrio.

Mas desde 2019, a crise atingiu novos patamares, com centenas de Yanomami morrendo devido a condições relacionadas com a mineração. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao ponto de declarar a situação um “genocídio”.

“Todos os dias enfrentamos mortes nas nossas aldeias e ataques de mineiros ilegais”, disse Kopenawa, um xamã, à Al Jazeera.

Davi Kopenawa, ao centro, posa com participantes do desfile no Rio de Janeiro [Monica Yanakiew/Al Jazeera]

Portanto, este ano, Kopenawa e outros líderes indígenas deram um passo incomum. Eles se uniram ao Salgueiro, uma das famosas escolas de samba do Rio, para realizar uma campanha de conscientização, bem no meio das festividades anuais do Carnaval.

O resultado foi divulgado na madrugada desta segunda-feira no Sambódromo, um dos principais destinos dos desfiles de Carnaval.

Carros alegóricos dedicados ao “povo da floresta” percorreram a ampla avenida de desfiles do Sambódromo, cercados por arquibancadas lotadas com milhares de espectadores.

Alguns dos carros alegóricos apresentavam representações gigantescas de povos indígenas, com os braços estendidos como se quisessem voar acima da calçada. Um carro alegórico, porém, representava a morte e a destruição causadas pelos mineiros, com cocares de penas coroando os crânios.

Fonte: www.aljazeera.com

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