A presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, discursa na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, 20 de setembro de 2023. | PA
O Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, disse à Assembleia Geral das Nações Unidas que é tempo de as nações africanas receberem reparações pelas injustiças históricas causadas pelo comércio transatlântico de escravos.
Ele disse que durante séculos o mundo desenvolvido não esteve disposto a confrontar o seu papel na escravização desumana dos africanos. Falando na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque na quarta-feira, Akufo-Addo enfatizou que agora é o momento de trazer à tona o tema das reparações.
“As reparações devem ser pagas”, insistiu, acrescentando que, embora nenhuma quantia em dinheiro pudesse compensar os horrores do comércio de escravos, o pagamento deixaria claro que milhões de africanos “produtivos” seriam postos a trabalhar sem compensação.
Akufo-Addo insistiu que é hora de reconhecer abertamente “que grande parte da Europa e dos Estados Unidos foram construídos a partir da vasta riqueza colhida do suor, lágrimas, sangue e horrores do comércio transatlântico de escravos”.
O presidente do Gana é um defensor de longa data das reparações, tendo dito no ano passado que já era tempo de intensificar as discussões sobre a questão. Ele também apelou em várias ocasiões a um pedido formal de desculpas por parte das nações europeias envolvidas no comércio e instou o bloco da União Africana a envolver a diáspora para fazer avançar a causa das reparações.
O comércio transatlântico de escravos, que afectou milhões de africanos, foi a maior migração forçada da história. O Gana foi um dos principais pontos de partida para a terrível passagem intermédia do comércio de escravos, da África para as Américas.
Numa outra referência a uma injustiça do passado, o presidente chileno Gabriel Boric disse à Assembleia Geral que o golpe apoiado pelos EUA que depôs o seu antecessor Salvador Allende e deu início a 17 anos de ditadura militar brutal sob o general Augusto Pinochet tinha sido “uma tragédia”, mas ele acrescentou que um golpe “nunca é inevitável, porque há sempre outras alternativas onde a violência não está presente”.
A Presidente hondurenha, Xiomara Castro, disse à Assembleia Geral que acredita num mundo multipolar em que o intercâmbio para o desenvolvimento se baseie nos princípios da independência, soberania e não-interferência.
Disse que o complexo militar-industrial consome a maior parte dos orçamentos dos países desenvolvidos, no valor de biliões de dólares, e que isso contrasta com a sua indiferença e incapacidade de contribuir para a humanidade e a defesa da natureza.
O capitalismo global e o modelo neoliberal apenas geram miséria, desigualdade e o individualismo insano das sociedades de consumo, enquanto milhões de seres humanos sofrem grandes privações, argumentou Castro.
Estrela da Manhã
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Fonte: www.peoplesworld.org