Os casos de Entre Ríos e Santa Cruz, representados pelos senadores Kueider e Carambia. Barragens e petróleo, subsídios e embaixadas. Troque moedas em uma semana importante.

Foto: Imprensa do Senado.

Por Gimena Fuertes @gimenafuertes

Em pleno anúncio do aumento dos preços dos serviços de gás e eletricidade, os senadores estão em plena negociação com o Executivo de Javier Milei sobre a Lei de Bases. A moeda é energia. Barragens, subsídios e royalties são despojos de troca à medida que as despesas enfrentadas pelas famílias argentinas aumentam dias antes da chegada do inverno.

As negociações são intensas na Câmara Alta. As estratégias de aproximação da Union por la Patria aos senadores dos blocos colaboracionistas com o Governo começam a diversificar-se. Principalmente quando o foco está naqueles que ainda podem ter comportamentos imprevisíveis. O fato é que a coordenação conseguida pela oposição nos Deputados pode servir de precedente na hora da votação da Lei de Bases, agora que o Executivo mais uma vez desconsiderou a tarefa do Congresso.

O fator Kueider no Senado

Um dos senadores em quem estão voltados todos os olhares de suas coprovíncias é o homem de Entre Rios Edgardo Kueidersignatário da opinião “em dissidência”, um curinga para fugir das críticas, mas que não apaga o fato de ter acrescentado mais uma assinatura ao texto libertário.

Há duas semanas, a PJ da província de Entre Ríos, governada pelo macrista Rogelio Frigerio, exige que o senador que assumiu o cargo em 2019 com a chapa de Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner vote contra a Lei de Bases. Kueider foi uma das espadas de Alberto no conflito interno com Cristina no território de influência do próprio ex-vice-presidente. Mas depois ele também acabou brigando com o presidente.

Edgardo Kueider, de Entre Rios. Foto: Imprensa do Senado.

Já em fevereiro de 2023, Kueider rompeu o bloco dirigente da Frente de Todos e formou o bloco Unidade Federal com Carlos “Camau” Espínola de Corrientes e Alejandra Vigo de Córdoba. Em janeiro deste ano, sob a liderança de Victoria Villarruel, alcançou a presidência da comissão de Assuntos Constitucionais, chefe do plenário que debateu a Lei de Bases.

Em Fevereiro Kueider votou contra o DNU de Javier Milei e agora é, juntamente com o radical Martín Lousteau, alvo dos negociadores das mudanças que podem permanecer em vigor nos Deputados, caso sejam aprovadas. Eles consideram que Milei precisa de aprovação porque o seu nível de popularidade está sendo medido pelo FMI. Sob esta hipótese, os negociadores de ambos os lados da sala dos Passos Perdidos veem com entusiasmo a possibilidade de “algum texto” ser sancionado, por mais alterado que seja.

A janela da oportunidade

Nessa janela de oportunidade que a oposição tem no Senado, eles negociam quais serão essas mudanças estratégicas. Todos salientam que é retirado do capítulo do Regime de Incentivos aos Grandes Investimentos porque, como defenderam os empresários das PME durante o plenário das comissões, elimina a indústria nacional e promove a pilhagem de bens naturais.

Neste contexto, em Entre Ríos acompanham-se atentamente as negociações de Kueider com o Executivo. O senador afirma estar negociando a provincialização da gestão da barragem de Salto Grande, que contribui com toda a sua produção energética para o sistema elétrico nacional e cujos subsídios, – reclamam – estão concentrados na AMBA e não são direcionados à população de Entre. Ríos, a província produtora.

Outras fontes asseguram que Kueider mal conseguiu vender a energia mais cara à Cammesa, empresa centralizadora energética nacional. Outra fonte, com mais maldade, alega que mal cumpriu a promessa de localizar o seu próprio povo em Anses ou qualquer organização nacional que permaneça na província, após o encerramento massivo de filiais.

Entre Ríos sempre quis a provincialização de Salto Grande, criada através de um tratado com o Uruguai em 1946 e cuja gestão é binacional. Em 1998, foi aprovada uma lei para provincializá-lo, mas Carlos Menem vetou porque o Uruguai disse que só fazia tratados com estados nacionais e não provinciais. Agora é moeda de troca para uma lei que estrangeiriza a produção de energia.

Os votos de Santa Cruz

Enquanto isso, em Santa Cruz, crescem as dúvidas sobre o voto do José Maria Carambia, que também assinou o parecer. O senador era o homem de Mauricio Macri nesses pagamentos, mas depois brigou. Ele é membro do bloco Por Santa Cruz e assumiu o cargo em janeiro em uma aliança eclética com o governador peronista de extração sindical, Claudio Vidal.

Tal como Kueider, Carambia também votou contra o DNU, mas agora votaria a favor da lei de Bases em troca de um aumento de dois pontos nos royalties às províncias mineiras, que passariam de receber 3% para 5%, segundo estava escrito no projecto de pacote fiscal.

Outros pontos em negociação é a reativação das barragens Néstor Kirchner e Jorge Cepernic, paralisadas desde dezembro e dependentes da reativação do contacto com a China pelo governo nacional para o envio dos fundos necessários. Também foi negociada a privatização parcial e não total do Campo Carbonífero Río Turbio (YCRT).

Cláudio Vidal, governador de Santa Cruz. Foto: Diaz Walter Telam.

E por último, o governador Claudio Vidal está negociando a gestão dos poços maduros aos quais a YPF deixou de prestar atenção após a descoberta de Vaca Muerta. A província exige a responsabilidade ambiental, a garantia de empregos e a continuidade da produção, pelo menos até Setembro.

Outra que chamou a atenção de todos os seus pares foi a de Neuquén. Lucila Crexellque – segundo o jornalista Carlos Pagni – conseguiu uma embaixada na sede parisiense da UNESCO, versão que, até agora, o senador não saiu para negar.


Fonte: https://www.tiempoar.com.ar/ta_article/negocia-senado-ley-bases/

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/06/07/que-se-negocia-en-el-senado-para-votar-a-favor-de-la-ley-bases/

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