Pacha Terán, líder indígena Quichua ou Kichwa, concorre à vice-presidência promovendo os direitos humanos, a soberania alimentar e a justiça social, denunciando as políticas repressivas do Presidente Noboa, ao mesmo tempo que apela à resistência e à unidade popular.
Equador: Pacha Terán, a voz Kichwa que promove a mudança social, desafiando a repressão de Noboa
Por Alfredo Seguel / El Ciudadano (Chile)
O líder da nação indígena Quichua ou Kichwa, Pacha Terán Pineda, candidata à Vice-Presidência do Equador pela Unidade Popular (UP), enfrenta uma dura disputa contra as políticas repressivas do atual presidente, Daniel Noboa. Com uma carreira marcada pela defesa dos direitos humanos, pela soberania alimentar e pela educação intercultural, Terán consolidou-se como uma figura de resistência social e de esperança para os setores populares.
Vídeo / Veja também: Pacha Terán, candidata a vice-presidente da República do Equador
Em diálogo com El Universo, Pacha Terán relembrou seu início na política comunitária: “Meu pai me levou desde muito jovem para ler as atas da assembleia comunitária”. Originária de Peguche, em Imbabura, Otavalo, Terán formou-se em conhecimentos ancestrais e consolidou sua preparação acadêmica na Universidade Central e na Politécnica Salesiana. Seu ativismo a levou a fazer parte da Frente de Defesa da Gestão Comunitária da Água e a representar as bases da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie).
Veja entrevista El Universal
No âmbito da sua candidatura, Terán destaca a necessidade de “fortalecer a agricultura familiar camponesa” e propõe a eliminação do IVA para os equipamentos agrícolas. “Isto não responde apenas aos mandatos internacionais, mas também a uma necessidade vital do desenvolvimento rural”, afirmou. Além disso, defende o alargamento do acesso à educação e ao emprego digno: “Só assim poderemos gerar emprego direto e indireto e reduzir os níveis de violência”.
No entanto, seu ativismo lhe rendeu duros ataques do governo. Segundo Prensa Latina, Terán informou à Defensoria Pública que foi estigmatizada como “terrorista” após participar das manifestações de 21 de novembro. “Não somos terroristas, somos nós que denunciamos as injustiças e as desigualdades”, declarou com firmeza.
O presidente Noboa, filho de um bilionário, é apontado por atos de violência política e tachado de “sociopata” após declarações polêmicas como: “Mesmo meus maiores críticos e meus piores oponentes, mais do que qualquer outra coisa, concordam que sou incansável e que Sou um péssimo, mas péssimo inimigo de se ter”, ele enfrenta fortes críticas em sua gestão de segurança. Por um lado, persiste o descontrolo dos grupos criminosos, no entanto, a prioridade do Governo tem sido intensificar a repressão política contra activistas sociais, segundo o que têm denunciado os seus opositores.
As mobilizações, convocadas por sindicatos e organizações sociais, foram violentamente reprimidas, segundo diversos relatos. Pacha Terán descreveu esta repressão como uma estratégia para desmobilizar setores críticos: “O governo usa o aparelho de Estado para silenciar aqueles de nós que lutamos contra as políticas neoliberais”.
Em entrevista à Rádio Pichincha, o dirigente sublinhou que o Presidente Noboa “ataca as mulheres que questionam o seu governo” e apelou à comunidade internacional para observar as práticas repressivas no Equador. “Se vão me investigar, aqui estou. “Posso ajudá-los para que não gastem o dinheiro do povo”, disse Terán ironicamente em resposta às acusações contra ele.
A sua mensagem não se limita à denúncia, mas convida à acção colectiva. Durante uma marcha em 25 de novembro, Terán declarou: “O maior medo do governo é ver-nos juntos e livres do medo”. Esta mobilização foi apoiada por diversas organizações, incluindo a Women for Change.
Pacha Terán tem sido uma voz chave em questões como a educação intercultural bilíngue e o acesso à água como um direito humano. Desde a juventude atua em processos constituintes e comunitários que buscam garantir direitos fundamentais aos povos indígenas e camponeses.
Para Terán, sua luta transcende as eleições: “Aqui estamos, esta proposta de Unidade Popular é a que responderá ao povo equatoriano”, afirmou. Enquanto o governo procura desacreditá-la, sua figura se consolida como símbolo de resistência e esperança no Equador.
A comunidade internacional é chamada a observar de perto este processo eleitoral, onde um líder indígena desafia o poder estabelecido com propostas inclusivas e uma forte defesa dos direitos humanos.
O Cidadão
Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/12/29/pacha-teran-lideresa-kichwa-y-candidata-a-la-vicepresidencia-del-ecuador-desafia-el-poder-represivo-de-noboa/