Um líder de gangue é acusado de organizar os assassinatos de 2022 do especialista indígena Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

A polícia federal do Brasil identificou um comerciante de peixe colombiano e líder de gangue como o mentor dos assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do especialista indígena Bruno Pereira, um crime que chamou a atenção internacional para a floresta amazônica.

Na segunda-feira, Alexandre Fontes, chefe da Polícia Federal do estado brasileiro do Amazonas, disse que seus investigadores tinham uma “forte convicção” de que Ruben Dario da Silva Villar estava por trás dos assassinatos de junho de 2022.

Pereira, 41, e Phillips, 57, foram vistos pela última vez em 5 de junho de 2022, quando embarcaram em um barco pela área indígena do Vale do Javari, no extremo oeste do Brasil, perto da fronteira com Peru e Colômbia.

Os dois homens estavam pesquisando para um livro sobre sustentabilidade na Amazônia que Phillips, um jornalista que trabalhou para o The Guardian e o New York Times, esperava escrever. Mas o barco deles nunca voltou.

O desaparecimento dos dois homens renovou as preocupações com as ameaças que repórteres, ambientalistas e lideranças indígenas recebem ao trabalhar na região, onde garimpeiros, madeireiros, caçadores ilegais e narcotraficantes competem por recursos e controle territorial.

Após 10 dias, as buscas pelos homens chegaram ao fim quando um pescador chamado Amarildo da Costa de Oliveira confessou tê-los matado. Ele levou a polícia brasileira a um cemitério escondido a cerca de 3 km (1,8 milhas) na floresta.

Pereira, o especialista indígena, já havia entrado em conflito com pescadores locais, principalmente como funcionário da agência federal brasileira para assuntos indígenas, a FUNAI. Ele havia recebido ameaças e era conhecido por carregar uma arma por segurança. Depois de deixar a FUNAI, Pereira continuou a trabalhar com as populações indígenas do Brasil, ensinando a população local a monitorar atividades ilegais e coletar evidências fotográficas de crimes.

No dia do desaparecimento dele e de Phillips, Pereira estaria levando provas de comportamento criminoso para as autoridades do município de Atalaia do Norte. Ele vinha fazendo fiscalizações de operações de pesca ilegal na área.

Ele e Phillips foram mortos a tiros.

Os promotores disseram que Phillips provavelmente foi morto “apenas por estar com Bruno”. [Pereira], a fim de garantir a impunidade do crime anterior”. Três homens, incluindo o pescador Oliveira, foram acusados ​​em julho por participação nos assassinatos.

Villar – o líder da gangue identificado pela polícia na segunda-feira e conhecido pelo apelido de “Colômbia” – é acusado de comandar uma rede de pesca ilegal na Amazônia, que sofreu perdas financeiras devido ao trabalho de Pereira. A polícia disse que ele financiou moradores pobres para pescar ilegalmente na Terra Indígena do Vale do Javari.

Villar já estava sob custódia policial no momento do anúncio de segunda-feira, pois enfrenta acusações adicionais por supostamente usar uma certidão de nascimento brasileira falsificada, bem como documentos de identidade peruanos falsos, para realizar atividades ilegais.

Durante coletiva de imprensa em Manaus, capital do estado do Amazonas, a Polícia Federal acusou Villar de fornecer a munição usada para matar Phillips e Pereira. As autoridades também disseram que Villar ligou para o assassino confesso antes e depois do tiroteio e pagou por seu advogado. Villar nega as acusações.

O UNIVAJA, sindicato dos povos indígenas do Vale do Javari que empregou Pereira, disse acreditar que há mais organizadores por trás dos assassinatos que ainda não foram presos.

Fonte: www.aljazeera.com

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