Jair Bolsonaro se diz ‘surpreso’ com buscas, já que a polícia disse ter realizado 16 batidas em apuração de documentos falsos da COVID.
A polícia do Brasil invadiu a casa do ex-presidente Jair Bolsonaro como parte de uma investigação sobre documentos falsificados de vacinação contra a COVID-19.
Em comunicado divulgado na quarta-feira, a Polícia Federal informou que realizou 16 batidas no Rio de Janeiro e na capital, Brasília, visando uma “rede criminosa” que se acredita ter “inserido informações falsas de vacinação contra a COVID-19 nos sistemas públicos de saúde”.
A declaração não nomeou Bolsonaro especificamente.
A polícia disse que os falsos certificados de vacinação, ocorridos entre novembro de 2021 e dezembro do ano passado, “resultaram na alteração do verdadeiro estado vacinal da COVID-19 dos indivíduos em questão”.
“Como resultado, os indivíduos puderam emitir certificados de vacinação e usá-los para driblar as restrições de saúde impostas por autoridades do Brasil e dos Estados Unidos”, diz o comunicado.
A investigação da vacina é uma das várias investigações direcionadas ao ex-líder de extrema direita, um cético do COVID-19 que durante seu mandato subestimou repetidamente os perigos do vírus e rejeitou a necessidade de restrições de saúde pública.
A investigação pode responder a perguntas sobre como Bolsonaro, que prometeu nunca receber uma vacina COVID-19, foi registrado como vacinado em registros de saúde divulgados em fevereiro.
Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, aproximadamente 700.000 mortes por coronavírus foram registradas no Brasil – o segundo maior número de mortos no mundo depois dos EUA – e o governo de Bolsonaro enfrentou críticas e grandes protestos sobre como lidou com a pandemia.
Falando a repórteres do lado de fora de sua casa após a operação de quarta-feira, Bolsonaro disse que ficou “surpreso” com a busca e reiterou que nunca levou uma vacina.
“De minha parte, não houve falsificação de nada. Eu não tomei a vacina. Ponto final”, disse ele, acrescentando que a polícia apreendeu seu celular.
A rede de televisão brasileira Globo divulgou na quarta-feira imagens que mostravam a polícia dentro do condomínio de Bolsonaro em Brasília.
Duas pessoas familiarizadas com a investigação disseram que a polícia prendeu Mauro Cid e Max Guilherme, assistentes pessoais de Bolsonaro como presidente que permaneceram como seus assessores quando ele deixou o cargo em janeiro, informou a agência de notícias Reuters.
No final de dezembro, Bolsonaro deixou a nação sul-americana para os EUA, evitando a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o derrotou em uma votação duramente disputada em outubro.
Ele ficou no estado norte-americano da Flórida por três meses antes de retornar ao Brasil em março.
Na quarta-feira, Valdemar Costa Neto, líder do partido político de Bolsonaro, manifestou apoio ao ex-presidente após a busca. “Confiamos que todas as dúvidas do Judiciário serão esclarecidas e ficará comprovado que Bolsonaro não fez nada de ilegal”, escreveu Neto no Twitter.
Enquanto isso, Bolsonaro também enfrenta investigações sobre ataques à legitimidade do sistema eleitoral brasileiro e desvio de doações estrangeiras.
Uma multidão de partidários do ex-presidente invadiu o Congresso, a Suprema Corte e o palácio presidencial do Brasil em janeiro em uma tentativa de anular os resultados das eleições do ano passado.
O motim em Brasília ocorreu depois que Bolsonaro alegou falsamente por meses que o sistema de votação eletrônica brasileiro era vulnerável a fraudes generalizadas – uma alegação rejeitada por especialistas judiciais.
Monica Yanakiew, da Al Jazeera, reportando do Rio de Janeiro na quarta-feira, disse que o ex-presidente rejeitou as acusações de que ele é o responsável pelo ataque de 8 de janeiro.
“Bolsonaro disse que não era responsável por [the attack]que ele estava nos Estados Unidos durante o levante e que condenou os ataques violentos”, disse ela.
Fonte: www.aljazeera.com