A polícia alega que uma rede criminosa planejava sequestrar e assassinar funcionários do governo em ataques coordenados.
A Polícia Federal do Brasil anunciou uma operação em larga escala para desmantelar uma quadrilha acusada de planejar o sequestro e assassinato de funcionários do governo em pelo menos cinco estados.
Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira, a polícia disse ter enviado cerca de 120 policiais para cumprir 24 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de prisão contra indivíduos em estados como Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná.
A polícia também alegou que os ataques planejados faziam parte de uma campanha coordenada, destinada a ocorrer simultaneamente. O ministro da Justiça, Flavio Dino, anunciou no Twitter que um senador e um promotor estavam entre os alvos.
Dois funcionários públicos, marido e mulher Sergio Moro e Rosangela Moro, também escreveram nas redes sociais que eram vítimas.
“Parabenizo os policiais e agentes envolvidos na Operação Sequaz, que desmantelou um esquema do crime organizado para assassinar autoridades e seus familiares, inclusive meu marido [Sergio Moro] e minha família”, escreveu Rosangela Moro, deputada da Câmara dos Deputados do Brasil.
Em um tópico no Twitter, ela expressou alívio com o anúncio de quarta-feira e disse que estava preparada para buscar leis ainda mais duras contra o crime organizado no Brasil.
“A retaliação, no crime ou na política, não pode persistir. Hoje somos nós. Amanhã pode ser você ou seus filhos”, escreveu ela.
Seu marido, o senador Sergio Moro, já havia atuado como juiz federal presidindo julgamentos de corrupção, incluindo o escândalo da “Operação Lava Jato”, que viu o ex-presidente e proeminente político de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva condenado a quase 10 anos de prisão .
O caso da “Operação Lava Jato” impulsionou Moro à fama em seu estado natal, o Paraná. Em 2017, Moro condenou Lula por corrupção e lavagem de dinheiro por supostamente aceitar uma propriedade à beira-mar como suborno, bem como melhorias no apartamento.
As acusações de corrupção foram posteriormente anuladas em 2021, com base no fato de Moro ter conspirado com os promotores. Isso abriu caminho para Lula concorrer à presidência novamente e, em 2022, ele conquistou um terceiro mandato, derrotando o titular de extrema-direita Jair Bolsonaro no segundo turno.
Moro acabou renunciando ao cargo de juiz. Enquanto estava no cargo, Bolsonaro o nomeou ministro da Justiça, embora o relacionamento deles tenha azedado. Em 2022, Moro conquistou uma cadeira no Senado do Brasil.
Em sua reação à suposta trama criminosa, Moro indicou no Twitter que o Primeiro Comando da Capital, ou PCC, estava envolvido. O PCC é uma das maiores organizações criminosas do Brasil, fundada em São Paulo e envolvida no tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e confrontos com a polícia.
Moro acrescentou que emitirá uma declaração ao Senado sobre a trama criminosa ainda nesta quarta-feira.
Em sua própria conta no Twitter, sua esposa Rosangela especulou que o casal e outros funcionários foram alvos “porque tiveram a coragem, com seu trabalho, de enfrentar o crime organizado”.
“Você não pode negociar com um bandido”, acrescentou ela.
Fonte: www.aljazeera.com