Esta semana foi publicado o 12º Relatório Anual correspondente ao ano de 2022 do Registo Nacional de Casos de Tortura e Maus Tratamentos (RNCT), elaborado em conjunto pela Comissão Provincial de Memória (Mecanismo Local de Prevenção da Tortura da província de Buenos Aires), a Procuradoria Penitenciária Nacional (Mecanismo Local de Prevenção da Tortura no sistema federal) e o Grupo de Estudos sobre Sistema Penal e Direitos Humanos (GESPyDH) do Instituto de Pesquisas Gino Germani da Universidade de Buenos Aires (UBA ). O Relatório analisa detalhadamente uma parcela dos milhares de eventos relatados e reportados por essas organizações no ano passado. Na província de Buenos Aires, o estudo aborda a descrição e compreensão das formas de comunicação, tratamento e vínculo que o judiciário penal estabelece com as pessoas detidas, bem como suas funções e atuação diante dos maus tratos e da tortura em termos produção, controle, reparo, processamento e sanção dos mesmos.
Como resultado de exaustivo trabalho de campo realizado em sete unidades penais do Serviço Penitenciário Federal (SPF) e em 12 unidades penais do Serviço Penitenciário de Buenos Aires (SPB), além de levantamentos individuais de casos de vítimas, em 2022 foram 956 casos. registrados de vítimas de tortura e maus-tratos que sofreram um total de 3.711 eventos ocorridos nessas prisões.
Quanto à caracterização da população, foram pesquisadas 858 vítimas do sexo masculino, 84 mulheres e 14 pessoas trans. A maior faixa etária foi entre os 22 e os 34 anos (53 por cento dos casos), seguida daquelas entre os 35 e os 44 anos (18 por cento), ou seja, uma população maioritariamente jovem.
Recorde-se que este relatório revelou, durante 12 anos, onze tipos de tortura e maus-tratos nas unidades penitenciárias da Nação e da Província: más condições materiais de detenção, isolamento, falta ou deficiência de cuidados de saúde, falta ou deficiência de alimentação, agressões físicas, impedimento de vínculo familiar e social, revistas pessoais humilhantes, transferências onerosas, roubos ou danos a pertences, ameaças e transferências constantes.
Durante 2022, as más condições de detenção foram o tipo de tortura mais frequentemente relatado, com 770 eventos descritos. Em segundo e terceiro lugar estão o isolamento e a falta ou deficiência de cuidados de saúde, ambos com 555 incidentes. Em quarto lugar, os incidentes de carência ou má nutrição com uma frequência de 543, e em quinto lugar, os ataques físicos com 383 incidentes.
Os dados e depoimentos demonstram o caráter multidimensional da tortura na confluência e imbricação de suas diferentes expressões na produção de acontecimentos concretos.
Em continuidade com a proposta da RNCT de incluir estudos temáticos e focados nos diferentes relatórios anuais, a nível federal, foram realizados durante 2022 estudos sobre “Dispositivo de Entrada”, “Isolamento” e em duas unidades de “segurança média”. La Pampa e Unidade 12 de Viedma, Rio Negro).
Por sua vez, com base no trabalho do CPM como Mecanismo Local de Prevenção da Tortura, na província de Buenos Aires, foi analisada a atuação judicial nas prisões, com o objetivo de avançar na descrição e compreensão das formas de comunicação , tratamento e vínculo que o poder judiciário estabelece com as pessoas detidas, bem como suas funções e atuação diante dos maus tratos e da tortura em termos de produção, controle, reparação, perseguição e punição.
Nesse sentido, o poder judiciário é examinado como elo central na geração de condições de possibilidade para a implantação de maus-tratos e tortura, endossando a captura policial e traduzindo-a em prisão.
“O sistema prisional provincial está estruturado em torno de medidas judiciais que aceleram e ampliam a admissão e atrasam e reduzem a alta. Entre os primeiros, destaca-se o uso generalizado da prisão preventiva: até dezembro de 2022, apenas 49% das pessoas detidas pelo SPB tinham pena definitiva”, explica a seção Ideologia e intervenção do poder judiciário nas prisões de Buenos Aires.
“O poder judiciário surge nas histórias dos detidos como um coletivo homogêneo que funciona de forma articulada entre os diversos atores/grupos que o compõem. Advogados, defensores, promotores e juízes constituem uma irmandade, atentos à sua própria salvaguarda e reprodução”, acrescenta.
O relatório esclarece que a grande maioria das torturas e maus-tratos não são denunciadas por medo, naturalização, dificuldades de acesso e/ou descrença na atuação do poder judiciário. Por este motivo, o inquérito contempla todas as situações que os detidos ou familiares estejam dispostos a denunciar ou comunicar, independentemente de terem sido formalmente denunciadas.
Os acontecimentos registados são aqueles que as vítimas sofreram no período de dois meses anteriores à entrevista, de forma a garantir a atualidade da informação. Podem ser levantadas situações ocorridas em diferentes contatos com essas organizações (por exemplo, em vias públicas e em delegacias) para compor um registro dos diversos e contínuos sofrimentos pelos quais as vítimas passam.
En este sentido, el relevamiento se realiza completando una ficha por cada persona que sufrió torturas y/o malos tratos, donde se incluyen datos acerca de la fuente, de la víctima y de los hechos correspondientes a la tipificación de torturas y malos tratos mencionada más Acima.
Fonte: https://www.andaragencia.org/se-confirma-la-continuidad-de-la-practica-sistematica-de-torturas/
Fonte: https://argentina.indymedia.org/2023/09/14/carceles-argentinas-se-confirma-la-continuidad-de-la-practica-sistematica-de-torturas/