O promotor federal Matías Zanona não concordou em incluir os depoimentos de membros da Frente de Organizações em Luta (FOL) em um caso em que essa organização está sendo investigada. Demonstrou assim sua falta de imparcialidade no apoio à investigação e por isso foi solicitado seu afastamento do caso.
Em 2017, foi iniciado um processo contra quatro integrantes do FOL Fiske Menuco (Gral. Roca, Río Negro). No início deste ano, o promotor Zanona concordou com os advogados de defesa para acrescentar novas declarações. Pela primeira vez, após sete anos de investigação, a Justiça iria ouvir os membros daquela organização. No entanto, o procurador ignorou o acordo e pediu ao juiz que procedesse ao julgamento sem ter incorporado os depoimentos.
“A recusa de incorporar as testemunhas que propusemos reflete a animosidade da acusação”, questionou o advogado do FOL, Mariano Pedrero. “É evidente que o Ministério Público criminaliza uma forma de organização social, uma vez que os factos alegados são imprecisos, amplos e ambíguos”, indicou. E acrescentou que “no processo questionam-se os critérios e diretrizes estabelecidos pelo FOL e podemos gostar ou não, podemos compartilhá-los ou não, mas de forma alguma se pode dizer que sejam criminosos”.
O caso investiga por crimes graves quatro pessoas que integraram o FOL em 2017. A acusação, promovida pelo então líder político do PRO e hoje libertário Nicolás Suárez Colmann, ataca as formas de organização daqueles que fazem parte do movimento operário. classe excluída dos mercados formais de trabalho. E para isso utiliza figuras penais sérias e não associadas ao protesto social, como costuma acontecer. Na investigação, a Polícia Federal realizou escutas telefônicas em integrantes do FOL, tarefas de inteligência nos bairros onde o FOL atua diariamente e batidas nas residências dos acusados.
A acusação mostra perseguição política, pois reconstrói os acontecimentos, selecionando apenas algumas das provas e usa generalidades para acusar crimes graves. Por outro lado, no processo o processo de organização colectiva e os órgãos de resolução da assembleia são rejeitados para atribuir a responsabilidade pelo funcionamento da organização a um grupo dos seus membros.
Que a Justiça Federal, cujos representantes ganham salários privilegiados, persiga uma organização social composta quase inteiramente por mulheres que se dedicam a trabalhar para melhorar a vida de suas comunidades por meio de equipes de trabalho, mantendo refeitórios e áreas de piquenique, e mantendo diariamente espaços de cuidado, mostra como a Justiça persegue infundadamente os mais pobres, gastando importantes recursos do Estado, sem investigar os crimes verdadeiramente graves dos ricos na região.
Cronologia
Em Fevereiro de 2020, as casas de dois militantes do FOL foram invadidas. A ordem pedia a apreensão de qualquer elemento ligado à organização. Naquela tarde, foram realizadas duas operações nas quais os companheiros, cercados pela Polícia Federal, viram anotações, apostilas de treinamento, bandeiras e itens pessoais de trabalho, como computadores e celulares, levados de suas casas. Até um deles teve seus documentos de identidade sequestrados. Foi assim que souberam que estavam sob investigação desde 2017 num caso que tinha Alejandro Moldes como procurador e Hugo Greca como juiz, ambos reconhecidos na região por serem responsáveis por processos de criminalização de activistas sociais.
Em 15 de abril de 2021, a Justiça convocou os investigados para declarações investigativas e informou que foram acusados de extorquir e coagir ex-integrantes da organização com descrição de fatos imprecisos e que em nenhum caso constituem esses crimes.
Depois de quase sete anos de investigação, em que foram gastos enormes recursos estatais, o caso ainda não aceitou qualquer prova da defesa. A recusa do Procurador Zanona em incorporar os depoimentos dos membros do FOL impede o direito à defesa num caso com conotações claramente políticas.
CONTATO
Mariano Pedrero (advogado) 2994 29-9133
Mauro Istueta (advogado) 2984 73-4419
Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/04/12/solicitan-recusacion-del-fiscal-federal-de-general-roca-por-impedir-la-defensa-de-las-organizaciones-sociales/