Presidente brasileiro diz que pretende discutir acordo comercial paralisado entre UE e bloco de nações sul-americanas.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva diz que planeja discutir um possível acordo comercial entre a União Europeia e um bloco de países sul-americanos quando se encontrar com seu colega francês, Emmanuel Macron, na França esta semana.

Lula disse na segunda-feira que espera discutir a postura “dura” da França sobre o acordo proposto entre a UE e o Mercosul, bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

“Vou almoçar com Macron. Quero falar sobre o endurecimento do acordo UE-Mercosul”, disse Lula, que também passará pela Itália e pelo Vaticano em sua passagem pela Europa, à emissora pública TV Brasil.

“A UE não pode tentar ameaçar o Mercosul com sanções se não fizermos isso ou aquilo. Se somos parceiros estratégicos, você não pode fazer ameaças. … Você tem que ajudar.”

Os dois lados estão trabalhando para finalizar um acordo que foi alcançado em 2019 após duas décadas de negociações.

O acordo está parado e ainda não foi ratificado pelos 27 estados membros da UE, com países como a França levantando preocupações sobre a proteção ambiental e o impacto potencial do acordo sobre os agricultores europeus.

Em março, a UE enviou uma carta ao Mercosul pedindo padrões ambientais mais rígidos como parte do acordo.

De sua parte, as autoridades brasileiras disseram que, de acordo com a lei europeia, qualquer falha em aderir aos padrões ambientais propostos pode resultar em possíveis sanções – embora isso não esteja declarado na carta de março.

Durante o mandato do antecessor de extrema direita de Lula, Jair Bolsonaro, as autoridades brasileiras fecharam os olhos para as atividades comerciais ilegais que resultaram no desmatamento desenfreado na Amazônia.

E em 2019, a Irlanda e a França disseram que bloqueariam o acordo UE-Mercosul, a menos que houvesse esforços do Brasil para proteger a floresta tropical.

A vitória de Lula sobre Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro foi bem recebida por defensores do meio ambiente em todo o mundo, com Lula prometendo reprimir o desmatamento da Amazônia e colocar a mudança climática no centro de sua agenda.

Embora Lula tenha se apresentado como o anti-Bolsonaro na política ambiental, ele criticou abertamente as novas demandas da UE.

“A premissa que precisa existir entre parceiros estratégicos é de confiança mútua e não de desconfiança e sanções”, disse ele em 12 de junho após conversas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na capital brasileira, Brasília.

Ainda assim, von der Leyen disse que a UE pretende concluir o processo até o final do ano.

O acordo comercial UE-Mercosul destina-se a ligar dois mercados que têm uma população total de cerca de 800 milhões de pessoas e representam cerca de um quarto do produto interno bruto mundial.

Ele prevê levar a mais de US$ 100 bilhões no comércio anual de bens e serviços, reduzindo as taxas alfandegárias e facilitando o acesso dos exportadores agrícolas do Mercosul ao mercado da UE e dos fabricantes europeus aos países do Mercosul.

Nesta semana, na França, Lula participará de uma cúpula na quinta e sexta-feira com cerca de 50 líderes mundiais para abordar a desigualdade global e os desafios da mudança climática.

Lula também deve se encontrar com o Papa Francisco na quarta-feira para discutir a desigualdade e um caminho para o fim da guerra na Ucrânia.

Fonte: www.aljazeera.com

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