O resgate traz raras boas notícias ao sul do Brasil, devastado pelas piores enchentes em 80 anos, que já mataram mais de 100 pessoas.
O resgate de um cavalo preso num telhado no sul do Brasil deu esperança a uma nação assolada por enormes inundações que mataram mais de 100 pessoas e desalojaram centenas de milhares.
“Caramelo”, como foi apelidado nas redes sociais, foi resgatado nesta quinta-feira pelos bombeiros após ficar preso em um telhado em Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, no sul do Rio Grande do Sul, mais atingida pelas recentes chuvas torrenciais.
O cavalo marrom, pesando 349 kg (770 libras), equilibrava-se precariamente em duas tiras estreitas de amianto escorregadio. O resgate, transmitido ao vivo pela televisão, viu a equipe sedar o animal antes de colocá-lo em uma jangada inflável.
“Encontramos o animal debilitado”, disse o capitão Tiago Franco, bombeiro de São Paulo destacado para liderar a operação, em comunicado da secretaria de segurança do estado. “Tentamos nos aproximar de forma calma.”
O influenciador de mídia social Felipe Neto enviou atualizações para seus quase 17 milhões de seguidores no X enquanto o resgate estava em andamento. Posteriormente, ele se ofereceu para adotá-lo. “Caramelo, o Brasil te ama!!! Meu Deus, que felicidade”, escreveu ele.
Caramelo,
O Brasil te ama!!!
Meu Deus, que felicidade, que orgulho do Corpo de Bombeiros, dos militares que ajudaram a operação e dos veterinários.
Ele está sedadinho e indo em paz para ser salvo. pic.twitter.com/NjmxkRA5zx
— Felipe Neto 🦉 (@felipeneto) 9 de maio de 2024
Caramelo, que deve ter sete anos, está se recuperando em um hospital veterinário vinculado a uma universidade. Mariangela Allgayer, veterinária e professora da instituição, disse nas redes sociais que chegou muito desidratado.
Bruno Schmitz, um dos veterinários que ajudou a resgatar e avaliar Caramelo, disse à rede de televisão GloboNews que o caráter geral do cavalo ajudou muito na administração de sedativos.
“Foi uma operação muito difícil, muito além dos padrões até para equipes especializadas. Acho que nunca tinham passado por algo assim antes, mas graças a Deus deu tudo certo”, disse.
As agências gaúchas resgataram cerca de 10 mil animais desde a semana passada, enquanto as prefeituras e os voluntários salvaram outros milhares, segundo a secretaria de habitação do estado.
Não há contagem oficial do número de animais mortos ou desaparecidos, mas a mídia local estimou que o número está na casa dos milhares.
Previsão de mais tempestades
As autoridades correram sem parar na quinta-feira para entregar ajuda às comunidades atingidas pelas inundações no sul do país, antes da chegada de novas tempestades que se prevêem que atingirão novamente a região. Cerca de 400 municípios foram afetados.
Muitos na região não têm acesso a água potável ou electricidade, nem mesmo meios para pedir ajuda, pois os serviços de telefone e Internet estão indisponíveis.
Equipes de resgate em barcos e jet skis viajavam na quinta-feira por ruas transformadas em rios, em busca de pessoas presas em suas casas ou que relutassem em sair por medo de saques.
O rio Guaíba, que atravessa Porto Alegre, atingiu níveis históricos esta semana, e as autoridades alertaram que cinco barragens correm o risco de romper.
“O foco ainda está nos resgates… mas estamos trabalhando arduamente na entrega de ajuda humanitária”, disse Sabrina Ribas, porta-voz da força de defesa civil que cuida da ajuda humanitária, aos jornalistas.
Fonte: www.aljazeera.com