A Coordenadoria de Combate à Repressão Policial e Institucional (CORREPI) apresentou esta quinta-feira no auditório da ATE a sua atualização do Cadastro de Pessoas Assassinadas pelo Estado. Alertaram que o governo de Milei poderia tornar-se o mais repressivo desde a última ditadura, com pelo menos 60 casos desde o início da atual administração.

A Coordenadoria contra a Repressão Policial e Institucional (Correpi) denunciou que desde o início do governo de Javier Milei se tem visto “o impacto das políticas repressivas” com mais de 60 mortes devido à violência do Estado e alertou que “as tentativas de censura pública a mídia afetará a coleção de casos.”

María del Carmen Verdú, representante de Correpi, explicou que chegaram a esse número com base em denúncias de familiares e em fatos divulgados na mídia.

En ese sentido, Verdú repudió “los intentos de censura del actual gobierno sobre los medios públicos” que afecta “de manera central esta tarea de recopilación de casos porque no es precisamente la prensa comercial de donde obtenemos información, sino de los medios públicos que cubren todo o país”.

Em sua última atualização, o banco de dados de mortes pelo aparato repressivo estatal registra 9.175 casos de diversas modalidades – morte em confinamento, na repressão a protestos, gatilhos e desaparecimentos, entre outros – ocorridos desde 10 de dezembro de 1983 a 20 de fevereiro. , 2024.

Desse total, 9.149 aconteceram antes de 31 de dezembro de 2023 e 26 no primeiro mês e meio de 2024.

“Com esta atualização completa-se o ciclo correspondente ao governo da Frente de Todos, com um total de 1.924 casos, 384 em 2023, e com os casos posteriores a essa data começamos a tornar visível o impacto das políticas repressivas do La Libertad Governo de Avanza (LLA), já que em apenas 70 dias tem 60 mortes registadas”, indicou CORREPI.

A apresentação aconteceu no auditório da sede nacional da ATE, onde Verdú esteve acompanhado pelas deputadas Myriam Bregman (PTS/FIT-U) e Natalia Zaracho (Patria Grande/UP). No final, o fechamento ficou por conta do rapper Willy Bronca.

Bregman reivindicou o trabalho sustentado de Correpi e do seu arquivo, “dando nome, sobrenome, idade, bairro, província, àquelas crianças que a Polícia mata diariamente, que fazem parte desse controle social brutal que o Estado capitalista exerce e que faz parte de manter a população afastada, o que é complementado pela repressão ao protesto social”.

A brutalidade repressiva de Milei, Villaruel e Bullrich

No relatório, a CORREPI lembra que há um ano alertou para o perigo que representa “a tentativa da força política que nos oprimiu e reprimiu entre 2015 e 2019, de voltar a administrar o governo nacional, sobrecarregado com a pressão da direita que “Imprimiram setores ainda mais reacionários, como Milei e Villaruel.”

“À medida que o ano eleitoral avançava, percebemos que o cenário era ainda pior. Essa força extrema, que parecia impensável na Argentina que, mesmo com todas as suas limitações, conseguiu julgar os genocidas e impedir o 2×1, atraiu apoio suficiente para entrar no segundo turno eleitoral, e, com o apoio explícito do que ficou em terceiro , conquistou o governo nacional.”

É assim que chegamos a este presente:

“Foi assim que se concretizou o pior pesadelo: no mesmo momento em que conseguimos completar 40 anos ininterruptos de funcionamento institucional sem golpes de Estado, Javier Milei e Victoria Villarruel tornaram-se presidente e vice-presidente do nosso país. Os exemplos mais perigosos, em matéria repressiva, da gestão de Mauricio Macri, Patricia Bullrich e Luis Petri, em Segurança e Defesa, foram rapidamente incorporados ao gabinete nacional. O apologista do gatilho fácil e o responsável pelo estouro das prisões, com um recorde inédito de mortes sob custódia.”

“Em termos de anti-repressão, já estamos percebendo o crescimento dos comportamentos de gatilho e das detenções arbitrárias, a par da atualização dos protocolos repressivos e dos projetos de reforma legislativa promovidos por Patricia Bullrich; a ameaça de maior criminalização de crianças e adolescentes, por proposta do Ministro da Justiça Mariano Cúneo Libarona, que conhecemos defendendo policiais extorsivos e assassinos há mais de 20 anos; a decisão de reprimir os protestos e os conflitos sociais com a força e também com o aumento das penas para os crimes normalmente utilizados para criminalizá-los; a militarização dos bairros, a perseguição de pessoas organizadas, os ataques de ódio e as campanhas deliberadas de desinformação.

Estes são os dados preliminares dois meses após o início deste governo:

1. Quarenta e seis pessoas morreram de 10/12/2023 a 14/02/2024 nas mãos das forças de segurança federais ou locais: 20 em tiroteios no gatilho, 19 em prisões ou delegacias de polícia, 3 em ambientes domésticos por motivos econômicos , 3 usando a viatura como arma e um feminicídio fardado. Durante a elaboração do relatório ocorreram mais mortes, que estão sendo sistematizadas, chegando a um total de 60.

2. Quarenta e seis pessoas foram privadas de liberdade em contexto de protesto ou conflito social: 5 em Córdoba, 2 em Mendoza, 2 em Jujuy, 7 em Rosário e 30 em CABA.

3. No dia 31 de janeiro, em CABA, foi liberado um novo gás irritante que dificulta a respiração e atinge as mucosas dos olhos, nariz e boca, além de causar queimaduras químicas.

4. No dia 1º de fevereiro, em CABA, cinquenta pessoas ficaram feridas na repressão à concentração na praça em frente ao Congresso, 27 jornalistas, várias dezenas de manifestantes e Matías Aufieri, advogado do CeProDH e assessor da FIT na Câmara de Deputados, que perdeu o olho esquerdo devido a balas de borracha.

“Se as consequências da repressão dos governos nacionais e municipais naqueles tempos não foram piores, é por puro mérito do povo mobilizado, que se cuidou com consciência, imaginação e colaboração colectiva”, indicou CORREPI.

Compartilhamos o vídeo da apresentação e o relatório completo em PDF (que também pode ser baixado aqui):

Antirepressivo2023

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/03/15/presentacion-del-archivo-de-correpi-de-2023/

Deixe uma resposta