Os números chegam no momento em que o Brasil se prepara para sediar uma cúpula com líderes dos países amazônicos para discutir formas de proteger a floresta tropical.
O desmatamento na Amazônia brasileira caiu em julho para o nível mais baixo para o mês desde 2017, segundo dados preliminares do governo.
Dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil na quinta-feira indicaram que 500 quilômetros quadrados (193 milhas quadradas) de floresta tropical foram desmatados no mês, uma queda de 66% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Nos primeiros sete meses do ano, o desmatamento caiu 42,5% no acumulado em relação ao mesmo período de 2022, mostraram dados preliminares do INPE.
Os dados vêm depois que números do mês passado mostraram que o desmatamento na Amazônia havia caído 34% no primeiro semestre de 2023.
Quedas sequenciais em junho e julho são especialmente promissoras, já que os dados mensais sobre o desmatamento na Amazônia costumam aumentar nesta época do ano, quando o clima fica mais seco.
“Estamos vendo a curva de crescimento do desmatamento se inverter”, disse o secretário do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, a repórteres em Brasília.
Os novos dados chegam quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne na próxima semana com líderes de países amazônicos para uma cúpula no norte do Brasil para discutir maneiras de proteger a maior floresta tropical do mundo.
O presidente Lula disse na quarta-feira que a cúpula buscará, pela primeira vez, traçar uma política comum para proteger a região, que incluirá tratar da segurança nas fronteiras e pedir à iniciativa privada que ajude no reflorestamento de 30 milhões de hectares (74 milhões acres) de terra degradada.
O líder esquerdista Lula assumiu o cargo em janeiro prometendo acabar com o desmatamento até 2030, depois que a destruição aumentou sob seu antecessor Jair Bolsonaro, que reduziu os esforços de proteção ambiental.
Falando à mídia internacional na quarta-feira, Lula disse: “Sabemos que temos a responsabilidade de convencer o mundo de que investir é barato se for uma questão de salvar a floresta tropical”.
“O mundo precisa nos ajudar a preservar e desenvolver a Amazônia”, acrescentou.
Especialistas elogiaram a redução do desmatamento nos primeiros meses do governo Lula, mas pediram vigilância contínua nos próximos meses, quando os incêndios e o corte raso costumam atingir o pico na região.
“É uma queda muito significativa para um mês mais seco”, disse Mariana Napolitano, gerente de ciência do WWF-Brasil.
“Isso nos mostra que as medidas emergenciais que foram tomadas, principalmente as de comando e controle, estão funcionando. Mas o desmatamento continua em níveis elevados e para zerá-lo até 2030 serão necessárias mais medidas estruturais.”
No mês passado, a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, disse que a queda no desmatamento foi resultado direto do governo Lula aumentar rapidamente os recursos para a fiscalização ambiental.
Durante o mandato de Bolsonaro de 2019-2022, o desmatamento da Amazônia disparou 75% em comparação com a média da década anterior. O ex-líder de extrema-direita pediu mais agricultura e mineração em terras protegidas, dizendo que isso tiraria a região da pobreza.
A proteção ambiental é uma questão fundamental enquanto o bloco comercial sul-americano Mercosul negocia um acordo de livre comércio há muito adiado com a União Europeia.
A UE recentemente fez novas exigências aos quatro países do Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – para combater os crimes ambientais.
Fonte: www.aljazeera.com