No poder “não há lugar onde as pessoas da cidade, as pessoas de baixo, possam realmente participar”: Marichuy

“Quando estão nas campanhas, os políticos nos prometem até o rio onde não há”, comenta a primeira indígena que tentou ser presidente do México, médica tradicional e porta-voz do Congresso Nacional Indígena (CNI) Marichuy em entrevista com El País.

Uma das grandes herdeiras políticas do zapatismo, que a promoveu em 2018 como candidata independente à presidência do México. Não obteve os votos necessários para formalizar a sua candidatura, o que foi mais simbólico do que prático, mas o poder nunca foi o seu objectivo. Nesta entrevista Marichuy revela suas ideias sobre o partido no poder e a oposição, a violência, o clientelismo e o silêncio do zapatismo

Ao ser questionado se não tentaram junto com a CNI fazer algo semelhante ao que aconteceu em 2018, Marichuy garantiu que o que aconteceu anteriormente foi entender diretamente a estrutura de poder, isso apenas confirmou que “Ela é manipulada e projetada apenas para dar continuidade, não “É aí que as pessoas da cidade, as pessoas de baixo, podem realmente participar”, disse ele.

Ainda há um longo caminho a percorrer para construir uma mentalidade diferente porque eles se encarregaram de vender às pessoas que só em tempos eleitorais é que lhes perguntam o que querem e nunca mais são vistos. “Ajudou-nos muito a perceber a nível nacional o que é a consciência política em torno da tomada de decisões”, disse ele.

Há seis anos, a CNI tentou esse tipo de política através de Marichuy, desta vez mencionando que a bandeira da participação das mulheres na política foi cooptada por diversos partidos políticos, inclusive o atual “O problema é que há momentos em que fica para trás. Destas mulheres há controle por parte dos homens. Não é verdade que existe essa autonomia, continua a mesma coisa, estão a qualificá-la. Tem personificação, tem candidatas de mulheres que nem são indígenas, mas que dizem que são. “Às vezes fico triste ao ouvir e saber como eles estão usando o que fizemos”, disse ele em entrevista.

Essa forma de apropriação da identidade indígena, até mesmo da vestimenta, é uma forma de denegrir as comunidades indígenas e zombar delas: “Quando estão nas campanhas nos prometem até o rio onde não há”, diz Marichuy.

Enfatizou também que de 2018 para este ano a situação piorou, a violência, a expropriação e a pobreza não melhoraram, pelo contrário, piorou a participação dos cartéis nos megaprojectos que estão a ser impostos.

“Desde 2018 tem sido mais difícil para quem luta defender o território, que é tudo: água, florestas, terra, organização interna. Foi desencadeada toda esta violência que anda de mãos dadas com a estrutura do capitalismo para poder tirar essa riqueza: estão a retirar todos aqueles que se opõem a ela, há comunidades inteiras deslocadas. Isso não tinha acontecido antes. Não quero dizer que os governos anteriores sejam melhores, mas há algo por trás.”

El País Marichuy: “Quando estão em campanha, os políticos prometem-nos até ao rio onde não há” | Eleições mexicanas 2024 | Comunicado da CNI COMUNICADO NO MEIO DA FARSA ELEITORAL, A GUERRA CAPITALISTA CONTRA O POVO

En el poder “no hay donde pueda participar realmente la gente del pueblo, la gente de abajo”: Marichuy

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2024/05/25/mexico_marichuy-en-el-poder-no-hay-donde-pueda-participar-realmente-la-gente-del-pueblo/

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