O Tribunal Oral Federal (TOF) de General Roca, em Río Negro, iniciou na manhã desta terça-feira o julgamento de cinco membros do grupo Albatros da Prefeitura Naval Argentina pelo assassinato do jovem mapuche Rafael Nahuel, ocorrido em 25 de novembro de 2017, em Villa Mascardi, Bariloche.

Por Santiago Rei.

Conforme previsto, a audiência de hoje, com intervalo de um quarto ao meio-dia, decorrerá até às 15h00.

Os pais de Rafael, Alejandro Nahuel e Graciela Salvo, estiveram presentes esta manhã no local.

Enquanto isso, os cinco réus -Sergio Cavia, Francisco Javier Pintos, Juan Ramón Obregón, Carlos Valentín Sosa e Sergio García- participaram da audiência virtualmente hoje, conectada através da plataforma Zoom.

A audiência teve início com a leitura do pedido de julgamento pelo Secretário do Tribunal, presidido pelo desembargador Alejandro Silva.

Enquanto isso, do lado de fora do tribunal, em uma praça central da cidade de General Roca, um grupo de membros de organizações e comunidades mapuche fez uma manifestação para exigir justiça.

Ao entrar na Corte, o porta-voz do Coordenador do Parlamento Mapuche de Río Negro, Orlando Carriqueo, assegurou a Télam que “está sendo julgado um Estado racista que matou um jovem que lutava por seus direitos e por sua identidade”.

O líder mapuche também questionou o tempo transcorrido desde o assassinato até o desenvolvimento do julgamento e o local escolhido para sua realização.

“Realizar o debate desta causa a 600 quilômetros de Bariloche implica uma violação do direito de participação de muitos mapuches que quiseram acompanhar a família para protestar contra este assassinato”, disse Carriqueo.

No dia do crime, integrantes do grupo de elite Albatros que compunha os réus, armados com pistolas Beretta 9 milímetros e submetralhadoras MP5, se depararam com integrantes da comunidade no interior.

Segundo a investigação do caso, após pararem e lançarem uma bomba dissuasora, receberam pedras em resposta e começaram a atirar, primeiro com munição não letal, depois com balas de chumbo.

Nahuel foi baleado nas costas por um projétil 9 milímetros feito com uma submetralhadora MP5 e o projétil entrou em sua nádega esquerda e feriu órgãos ao passar pelo corpo do jovem mapuche.

A Prefeitura acatou uma ordem do então desembargador substituto da Justiça Federal de Bariloche, Gustavo Villanueva, que pedia que fosse assegurado o perímetro do território em disputa entre a comunidade e os Parques Nacionais, que havia sido despejado dois dias antes, e em quais eram Cinco mulheres da comunidade foram presas.

O magistrado emitiu a ordem de despejo com base em uma denúncia de “usurpação” feita em 17 de novembro pelo Parque Nacional Nahuel Huapi.

A comunidade Lafken Winkul Mapu havia anunciado no início desse mês a “recuperação” de cerca de 10 hectares -dos 710.000 do Parque Nacional Nahuel Huapi- naquela área de Villa Mascardi. Uma semana depois ocorreu o despejo e a posterior incursão do Albatross que terminou com a morte de Rafael Nahuel.

O caso FGR 027423/2017 intitulado “Pintos, Francisco Javier e outros por homicídio simples, usurpação e atentado qualificado com mão armada”, do qual Alejandro Nahuel, pai de Rafael, é autor, tem como réus o primeiro cabo Cavia pelo crime de “homicídio qualificado cometido além da legítima defesa” e os outros quatro membros do grupo Albatros como “participantes necessários” no ato.

A capa com que o caso chegou a esta instância oral foi criticada pelas denúncias que representam a família de Nahuel, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e a Assembleia Permanente de Direitos Humanos (APDH) de Bariloche.

Os representantes legais da Secretaria de Direitos Humanos vão buscar provar durante o julgamento que se tratou de homicídio qualificado, já que não houve “legítima defesa” dos prefeitos, mas sim uma ação que ultrapassou “todos os limites da legalidade”. cânones de ação em uma situação como a que aconteceu”.

“A acusação não nos satisfaz. Não concordamos com esse número. Para nós é homicídio qualificado. A estratégia visa demonstrar a coautoria dos cinco envolvidos”, indicou o Diretor de Violência Institucional daquela organização, Mariano Przybylski.


Fonte: https://www.tiempoar.com.ar/comenzo-el-juicio-a-cinco-prefectos-por-el-crimen-de-rafael-nahuel/

Fonte: https://argentina.indymedia.org/2023/08/15/comenzo-el-juicio-a-cinco-prefectos-por-el-crimen-de-rafael-nahuel/

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